Palavra a favor da vida
Por Sara Brito (Centro Sabiá)
No próximo dia 15 de outubro será lançado, como parte da Jornada Povos de Pernambuco: diversidade, território e soberania alimentar, o livro “A Dialética da Agroecologia”, escrito pelo professor Luiz Carlos Pinheiro Machado com a colaboração do também professor Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho. O livro se propõe a discutir resultados alcançados e condutas consagradas na produção de alimentos limpos, sem uso de químicos, apresentando um caminho “tão antigo quanto a civilização”, a agroecologia. Confira a entrevista que O Canto do Sabiá fez com o autor, Luiz Carlos Pinheiro Machado!
Canto do Sabiá: De que trata o livro “A Dialética da Agroecologia”?
Pinheiro Machado: O livro é uma denúncia dos males que os agrotóxicos, os alimentos transgênicos, o tabagismo e a nanotecnia causam à saúde humana, ao ambiente… enfim, à natureza. Trabalha também com as origens dos agrotóxicos e transgênicos, isto é, a revolução verde. Naturalmente trata igualmente da forma como se pode produzir sem venenos e, o que é ressaltado, em escala humana. A abrangência é muito ampla porque o assunto passa a interessar não só aos leitores, mas também aos diversos sujeitos anônimos que, de alguma forma, estão contribuindo para a formação deste novo conceito de agricultura limpa.
CS: Como foi o processo de pesquisa e escrita do livro? Nele vocês dizem: “Este trabalho é uma palavra a favor da vida!” O que você tinha em mente enquanto o escrevia?
PM: Sempre escrevíamos pensando na vida, isto é, nos males que os agrotóxicos e os transgênicos causam à vida e em um sentido amplo, tanto pessoal quanto social. Foi um processo que durou oito anos… Buscamos, além de nossa experiência, as melhores fontes nacionais e internacionais para elaborar um trabalho sério, consistente e esclarecedor. Nos preocupou o fato de inexistir um texto que possa ajudar os cientistas, técnicos, professores, produtores e público em geral a realizar o processo produtivo, em escala de humanidade, e em condições de confrontar o agronegócio.
CS: Em nosso trabalho, chamamos os/as agricultores/as agroecológicos/as de “experimentadores”. Para você qual é a importância da prática na agroecologia? Como ela difere da do agronegócio?
PM: A prática agroecológica dos agricultores experimentadores tem uma enorme importância porque são técnicas e processos desenvolvidos milenarmente que, traduzidas e ajustadas aos enormes progressos científicos, constituem uma rica fonte de trabalho. Já o agronegócio é a expressão concreta da agricultura industrial, a “agricultura sem agricultores”, como diz o Stédile [João Pedro, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra].
CS: Você dedica o livro às milhares de pessoas que morreram por causa dos agrotóxicos. Que significado isso tem, sendo essa a dedicatória de uma obra que trata de agroecologia?
PM: A dedicatória é uma homenagem póstuma a todos os seres humanos, espalhados pelo mundo, que morreram vitimas da agricultura da morte. Espero que o livro seja lido, refletido, analisado e que contribua para o confronto com o agronegócio, transformando a produção de alimentos numa atividade criadora e capaz de proporcionar alegria e satisfações às pessoas e não um caminho para a sepultura.
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