Famílias avaliam a execução do projeto Águas do Céu no Assentamento Amaraji
Famílias agricultoras do Assentamento Amaraji avaliaram a execução do projeto Águas do Céu
Por Ana Cruz (coordenadora local do Centro Sabiá na Zona da Mata)
Durante os dias 26 e 27 de novembro foi realizado o seminário de encerramento do projeto Águas do céu: famílias assentadas protegendo nascentes e Florestas. O projeto, executado pelo Centro Sabiá com o apoio do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica, tem o objetivo de recuperar nascentes de água no Assentamento Amaraji, no município de Rio Formoso, Zona da Mata de Pernambuco.
O objetivo do seminário foi refletir com as famílias como se deu este processo, quais as dificuldades encontradas e como a comunidade e cada família dará continuidade a ele. Foi destacado o envolvimento das famílias da comunidade como parceiras e beneficiárias do projeto, que entendendo a proposta e se desafiando a fazer esta iniciativa que é tão importante, na recuperação dos recursos hídricos e na promoção da qualidade de vida das famílias. Elas protagonizaram experiências que podem se tornar referência para a atuação do poder público e de outros agentes que contribuam para a promoção de ações socioambientais.
O projeto faz parte da luta e da resistência das famílias deste assentamento por direito à terra, ao território e agora à água, para a família e para a produção. Quando as famílias agricultoras receberam as terras oriundas da exploração através do monocultivo da cana-de-açúcar, com os solos pobres e degradados e, consequentemente, com águas escassas e poluídas, começou mais uma luta pelo direito à água.
No ano de 2006, dez famílias iniciaram o trabalho com sistemas agroflorestais, ao perceberem junto com a assessoria a melhoria que estava acontecendo no ambiente. Com a recuperação da biodiversidade, passaram a refletir sobre a falta de água e as condições para produzir alimentos. Neste processo foram identificadas e mapeadas as nascentes existentes na comunidade e a condição destas nascentes. Foi iniciado o processo de recuperação de 24 dessas nascentes através do projeto, onde foram implantados 19 hectares de Sistemas Agroflorestais e plantadas 37 mil mudas de espécies nativas, frutíferas e adubadeiras.
Destacamos a sensibilidade que estas famílias tiveram e como se apropriaram deste processo, envolvendo mulheres e jovens. As famílias também darão continuidade com a manutenção, o replantio em áreas que sofreram com as estiagens de 2012 e 2013 e, consequentemente, o manejo destes sistemas para a produção de alimentos saudáveis e preservação dos recursos naturais.
Um dos encaminhamentos propostos pelas famílias é de que sejam mapeadas todas as nascentes que fazem parte do Rio União, com o objetivo de procurar apoio para que esta ação não fique só no Assentamento Amaraji, mas em todas as comunidades dos municípios que margeiam o Rio.
O projeto teve como resultado principal 24 nascentes em processo de recuperação, 20 famílias envolvidas e sensibilizadas com a recuperação das áreas de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e jovens envolvidos com a questão ambiental em sua comunidade.
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