Uma outra relação com a educação no campo é necessária
Crianças discutem com professores a importância da água nas escolas e presença das cisternas acaba levando a uma discussão ambiental. Foto: Alex Carvalho/Acervo Centro Sabiá
Por Eduardo Amorim (Centro Sabiá)
Quando falamos em juventude rural e agroecologia, temos sempre a perspectiva de valorização do meio ambiente e dos valores regionais que deveriam ser iniciados nas escolas, principalmente nas pequenas cidades. Mas, no Brasil, vivemos um momento problemático em que milhares de instituições educacionais estão sendo fechadas no interior.
Uma iniciativa interessante para enfrentar essa realidade é o projeto Cisterna nas Escolas, que tem no seu foco o envolvimento da comunidade escolar nos cuidados com um equipamento que com investimento pequeno consegue reter a água da chuva para utilização pela comunidade escolar, e que no fundo servirá para manter as escolas numa situação mais autônoma em relação ao fornecimento de água e principalmente discutir as questões ambientais e a convivência com o semiárido no Nordeste.
Coordenador do Cisterna nas Escolas no Centro Sabiá, Rodrigo Adrião, destaca a importância do contato com a comunidade escolar e dos encontros de formação com os professores, lideranças comunitárias, merendeiras, auxiliares e com os pedreiros que participam das obras para falar da educação contextualizada. E as crianças também se envolvem na discussão, a partir das reflexões levadas para sala de aula.
Desenvolvido pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), o Cisterna nas Escolas vem sendo retomado em 2015 e tem como meta a construção de 2.500 cisternas até o final do ano. Em dois anos, o objetivo é discutir a questão da água e construir os equipementos em 5 mil escolas. Para a execução dessa primeira etapa 30 organizações foram selecionadas em todo o Nordeste, entre elas o Centro Sabiá.
Enquanto se investe na autonomia das escolas e na valorização do ambiente escolar no interior, um preocupante dado assusta quem trabalha com educação no meio rural. O Movimento Sem Terra realizou um cruzamento de dados disponíveis pelo Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e mostrou que em 2014 mais de 4.000 escolas do campo fecharam suas portas no Brasil.
Nos últimos 15 anos, o número sobe para 37 mil unidades educacionais a menos no meio rural. Em todo o interior pernambucano, professores percebem o fechamento de escolas e o cenário preocupa aos educadores.
Por sinal, as regiões Norte e Nordeste lideram o ranking. Além do fechamento de escolas, muitas famílias também têm sido prejudicadas com a “nucleação”, quando várias unidades escolares são concentradas numa única edificação, tornando ainda mais difícil o acesso de quem mora em sítios e vilas distantes.
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