Povos de Pernambuco Reunidos na Academia

jornada 700x525Populações indígenas, quilombolas, campesinas, pescadoras e ciganas estão reunidas
na UFRPE / Foto: Laudenice Oliveira – Acervo Centro Sabiá

Por Laudenice Oliveira (Centro Sabiá)

O Campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) se tornou palco de um dos eventos mais significativos do ano para a academia e populações indígenas, quilombolas, campesinas, pescadoras, ciganas do nosso estado. Promovido pelo Núcleo de Agroecologia e Campesinato (NAC/UFRPE) e organizações parceiras, o Diálogos de Conhecimentos sobre Agroecologia, começou nessa terça-feira, 22, no campo de futebol da UFRPE e segue até a quinta-feira, 24. Este evento reúne o II Seminário Internacional de Agroecologia, o III Seminário de Agroecologia de Pernambuco e a II Jornada dos Povos de Pernambuco num diálogo sobre agroecologia na perspectiva de aproximar e articular diferentes atores sociais. A proposta é fortalecer as lutas e revindicações por terra, território e soberania alimentar em Pernambuco. Cerca de 800 pessoas se inscreveram para o evento.

Na abertura do evento, os diversos povos presentes cantaram e dançaram reunindo num círculo promotores/as e participantes do Diálogo de Conhecimentos. Um chamamento para que todos e todas ali presentes assumam a causa da Agreocologia e das lutas sociais que ela agrega. Na mesa de abertura o chamamento foi para que o diálogo entre academia e os povos dos campos e das florestas continue construindo uma proposta de desenvolvimento que não seja excludente. “O conhecimento dos povos são válidos e importantes para a construção da agroecologia, assim como o conhecimento acadêmico”, ressalta um dos organizadores do evento, Marcos Figueiredo. A representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Maria Fernanda Coelho, destacou a importância da parceria entre Universidade e as organizações sociais. “São ações importantes, porque alargam os horizontes”, e deixou o recado de que “queremos alimentos saudáveis para o Brasil”, revelou Maria Fernanda.

jornada2 700x525A luta é pela permanência e resistência dos povos tradicionais / Foto: Laudenice Oliveira – Acervo Centro Sabiá

A mesa redonda Lutas Sociais do Campesinato reuniu o pesquisador Horácio Martins de Carvalho e o representante do Conselho Indígena do México, Julián Canaré. Contundente, Horácio Martins diz que o capitalismo nega todas as outras formas de produção que não seja a sua. “Os camponeses estão sofrendo pressão para se transformar em produtores burgueses. Há uma tendência de querer homogeneizar toda a produção no Brasil”, e completa dizendo que há “uma desconstrução da cultura camponesa sob a alegação de que esses saberes precisam ser eliminados, porque são considerados ultrapassados”, explica Horácio.

Julián diz que a realidade dos povos indígenas no México não parece tão diferente da do Brasil. Lá, também há uma luta por território, pela manutenção nas terras de origem do seu povo. “Temos problemas similares. Todos os povos originários, no México, resistem ao extermínio. O nosso povo tá se debilitando culturalmente e estão saqueando nossos recursos como a água, o minério, nossos bens comuns”, explica Julián. “Dá uma tristeza, porque o nosso Governo se rende aos interesses do capital”, e finaliza “estamos nos organizando para defender nosso território e para ter o direito de decidir sobre a nossa cultura. Nosso povo vai ter muito interesse de conhecer a agroecologia e sinto que de alguma forma já praticamos a agroecologia”.

Sequência: nesta quarta-feira, 23, as atividades continuam com instalações pedagógicas, mesas redondas, Feira de Saberes, sabores e da agrobiodiversidade, além de atrações culturais.


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