Jovens camponeses concluem curso de Residência Agrária pela Universidade Rural


O curso de residência agrária foi dividido em etapas presenciais e vivências nas comunidades / Foto: PJR / Divulgação

O curso, financiado pelo CNPq, envolveu jovens da Zona da Mata, Agreste e Sertão de Pernambuco.

Por Vinícius Sobreira (Brasil de Fato Pernambuco)

No último dia 18 de dezembro 41 jovens rurais se formaram no curso de Residência Agrária em Pernambuco. As agricultoras e agricultores, moradores de 9 subregiões do estado, concluíram o 6º e último módulo do curso, que teve duração de 1 ano e 9 meses. O curso foi realizado pela Pastoral da Juventude Rural (PJR) e Rede GPR, em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e com o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) e obteve apoio e financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência e Tecnologia.

O curso é dividido em módulos presenciais, chamados de “tempo escola”, que são alternados com as vivências em suas comunidades e sítios, o “tempo comunidade”. No tempo escola os estudantes passam por formação política e técnica sobre agroecologia, gestão e economia popular e solidária. As facilitações se deram por meio de articulação com entidades e movimentos parceiros, como o Centro Agroecológico Sabiá, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e o Levante Popular da Juventude. A carga horária total ultrapassa as 680 horas/aula, sendo 240 horas/aula teóricas e 440 horas/aula de atividades formativas comunitárias.

No tempo comunidade os jovens, com idade entre 15 e 25 anos, integram os chamados Grupos de Produção e Resistência (GPR), coletivos de jovens rurais que se organizam para superarem os desafios de produzir, comercializar e gerar renda, tendo em vista a permanência em suas comunidades. Os GPRs são constituídos sobre os pilares da agroecologia e da economia popular e solidária, buscando uma nova forma de produção no meio rural, sem exploração, garantindo a permanência do jovem no campo, tendo a defesa da terra como um direito e tendo como horizonte a construção de um Projeto Popular de Nação.

O estudante Rodrigo Silva, um dos formandos, acredita que o curso contribuiu para os jovens reconhecerem e valorizarem o conhecimento de seus ancestrais. “A Residência Agrária fortaleceu o conhecimento que nos foi trazido pelos nossos avós e bisavós, mas também ajudou a aprendermos mais sobre agroecologia e economia popular e solidária. Também aprendemos muito sobre políticas públicas para a juventude camponesa”, lembrou. Para ele, o curso tem impacto direto nas suas comunidades rurais. “Quando compreendemos o que é agroecologia e economia solidária, começamos a colocar em prática nos nossos GPRs. Além disso há a interação com jovens de outras localidades, a troca de saberes e sabores, aprendemos que a realidade rural também é diversa”.

A coordenadora nacional da PJR, Simone Zani, afirma que o curso de Residência Agrária foi fundamental para fortalecer os GPRs no interior do estado. “Foi um formato que deu muito certo. A pedagogia da alternância, focando na formação teórica com agroecologia, economia solidária e formação política, com a coordenação acompanhando o tempo comunidade durante esses quase dois anos, impulsionou a juventude. Temos GPRs produzindo e vendendo, conseguindo renda. Outros estão precisando melhorar a comercialização”, diz. 

O curso, avalia Zani, faz a juventude enxergar sua comunidade de outra forma. “Eles passam a enxergar e pensar o campo como um lugar para se viver, com educação, saúde, moradia, transporte e lazer. Pensam a forma como se relacionam com a natureza, com o alimento e pensar formas de tirar o sustento para viver de maneira solidária, não pela competitividade, mas com cooperação. Não é só a permanência, mas pensar um projeto de sociedade”, pontua.

 

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