ÁGUA: BEM COMUM E NÃO MERCADORIA
Foto: Ana Mendes / Acervo do Centro Sabiá
PorAlexandre Henrique Pires, coordenador geral do Centro Sabiá e coordenador da Articulação Semiárido (ASA)
Além dos 20 anos da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) que celebramos neste ano, há outro motivo de grande alegria que são os 20 anos do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) da ASA. Essa iniciativa, que há 20 anos parecia uma utopia, transformou-se em realidade para milhares de famílias camponesas no Semiárido brasileiro, e passa a ser realidade também em outras regiões semiáridas do planeta.
São mais de um milhão de cisternas já construídas e mais de cinco milhões de pessoas com água para beber e cozinhar, compreendendo a água como direito e com autonomia sobre sua gestão. Pessoas que sabem da importância de cuidar desse bem comum a todos os povos. Esse é um dos grandes legados que a ASA construiu ao longo de seus 20 anos. Mas ainda existem mais de 350 mil famílias no Semiárido sem água para o consumo básico da família, que dependem ainda da disposição política e da priorização por parte de prefeituras e governos estaduais.
O custo para universalizar o acesso a água potável para famílias do Semiárido é algo em torno de R$ 1,3 bilhão. Investir nessa política, premiada pela ONU em 2017 como Política para o Futuro, como iniciativa que contribui para o combate aos processos de desertificação no Semiárido brasileiro, contribui para o alcance do 6º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável – Água Limpa e Saneamento. Além de ser uma iniciativa de adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças no clima.
O desafio posto para o Programa é como mobilizar as pessoas, governos e setores empresariais para garantir a continuidade do P1MC, assegurando a participação efetiva da sociedade na gestão e implementação da política pública, como forma de reconhecer as capacidades geradas pelas organizações da sociedade civil ao longo desses 20 anos.
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