Pandemia? E o que nosso modelo de consumo tem a ver com isso?

Foto: João Roberto Ripper / Acervo do Centro Sabiá 

Pandemia? E o que nosso modelo de consumo tem a ver com isso? 

Por Carlos Magno Morais, coordenador técnico pedagógico do Centro Sabiá

Desde que os primeiros casos da doença causada pelo novo coronavírus foram identificados na China no final de dezembro de 2019, muitas pessoas começaram a especular o que teria causado esta doença. Vale ressaltar que o vírus já é um velho conhecido tanto na medicina humana como na animal, no entanto este vírus agora havia se transformado e estaria causando uma doença intitulada pelos cientistas de COVID-19, esta doença nova, em menos de cinco meses se espalharia pelo mundo contaminando mais de 10 milhões de pessoas e matando 500 mil. É de fato muito preocupante o COVID-19 tenha uma transmissibilidade muito alta, imagine esta característica combinada com a letalidade de 70% do ebola por exemplo, uma epidemia mais concentrada no continente africano ocorrida no final do século passado. 

Desde 2018, cientistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) estavam prevendo o surgimento de um novo vírus. Os cientistas não sabiam onde ele poderia surgir, mas sim se espalharia pelo mundo a uma velocidade impressionante e poderia fazer muitas vítimas. Segundo a OMS, existem no mundo mais de 1,6 milhões de vírus. Destes, apenas 0,4 são conhecidos e estudados. Todos esses vírus podem ter potencial de causar doenças muito graves. A pergunta que fazemos é, então, esses vírus estão por aí? Podem causar mal a nossa saúde? Como se proteger? A resposta para essas perguntas é muito simples, a própria natureza equilibrada nos protege de todos esses males. Então nunca foi tão válido dizer que proteger a natureza é também se proteger.

O modelo em que nossa sociedade vem se organizando nos últimos dois séculos é muito diferente de tudo o que aconteceu nos últimos dois milênios, basta olhar para o nível de consumo que nossa sociedade adquiriu. Parece inevitável ter que destruir a natureza para aumentar o Produto Interno Bruto – PIB, ou para fazer o mundo mais competitivo, tudo isso de uma forma global onde todas as mercadorias podem percorrer todo o mundo em grandes barcos, aviões e caminhões parece até que a natureza não tem limites, mas ela tem, e neste momento está mostrando que romper esses limites pode causar muitos danos a população humana.

Talvez não queiramos mais voltar à antiga normalidade porque de fato foi ela que nos trouxe até esta crise. Precisamos enquanto espécie rever nossas prioridades no planeta, nos perguntar o que é mais importante, se é ter um celular de ultima geração ou ter água potável? Se é ostentar milhões de toneladas de soja sendo vendidas ao mercado internacional ou proteger os povos que protegem e guardam a nossa biodiversidade?  

No mais recente relatório produzido pelo Oxfam, se estima que o impacto econômico da COVID-19 deve empurrar mais de meio bilhão de pessoas para a pobreza extrema, revelando o quão injusto e desigual são os efeitos desta crise para as populações mais pobres, com certeza esta pandemia com sua recomendação básica de lavar as mãos e ficar em casa tem nos alertado para quão desigual nós somos, como pessoas que nem sequer podem ficar em casa porque moram na rua e nem podem lavar as mãos porque não tem água.

Nosso novo normal precisa ser agroecológico! Com igualdade e justiça para todas e todos!

 

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