Agricultoras de Itapetim participam de oficina de gênero e clima

Por Rosa Sampaio
Jornalista do Centro Sabiá

Nos dias 16 e 17 maio, o Centro Sabiá realizou a Oficina Gênero e Clima, na comunidade da Gameleira, em Itapetim, no Sertão do Pajeú. 15 agricultoras da região participaram da oficina, destacando as conexões que as agricultoras fazem do seu dia a dia com as mudanças do clima, com as experiências identificadas por elas como potenciais ações de adaptação, às leituras cósmicas dos sinais dessas mudanças.

Para Rivaneide Almeida, coordenadora Territorial do Sabiá, foi uma atividade muito rica e de muito aprendizado com essas camponesas, pois se sabe o quanto a crise climática impacta na vida das mulheres, em especial as rurais. “E essas oficinas têm continuidade ao longo do projeto, a próxima será junto com as mulheres do município de Flores, também aqui no Pajeú”, avisa Riva.

A agricultora familiar Evanice Pereira Soares (Nice), durante a oficina, explicou como as rotinas das mulheres que têm as tecnologias sociais podem contribuir com a mitigação das mudanças climáticas para o território. “As cisternas ajudam porque com pouca chuva a gente consegue encher uma cisterna, mesmo que seja num período difícil do ano, as cisternas são mais fáceis de pegar água, já que nos tanques a água evapora. E quem tem a (cisterna) de segunda água já pode utilizar para os animais, para as plantas”.

E quando a gente perguntou do Reúso de Águas Cinzas no Sistema Agroflorestal (RAC/SA), Nice foi enfática: “O reúso (RAC) além de ser uma água que já vem com alguma proteína, já agúa (sic) a agrofloresta, que é uma mistura de planta e uma protege as outras, tanto de praga como também melhora o solo. E temos fogões (agroecológicos), que emitem menos fumaças, usando pouca lenha e cozinhando mais”, lembra Nice.

Ainda segundo Nice, essas tecnologias vêm melhorando a qualidade de vida das mulheres agricultoras do Semiárido, “porque tem muita gente que através das cisternas, dos fogões e do reúso na agrofloresta, produz mais e ganha uma renda boa também”.

A oficina é uma atividade do Curso de treinamento “Gênero e Mudanças Climáticas” com foco nas mulheres que participam do projeto RAC e SAF: adaptação às mudanças climáticas e meios de vida sustentáveis para mulheres no semiárido brasileiro, com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento/PNUD. O curso de treinamento é um dos principais pontos do projeto, abrangendo os eixos técnico e socioambiental, ao conectar a justiça de gênero com a adaptação climática, buscando apoiar as mulheres agricultoras a entender melhor como a mudança climática afetou suas vidas e como responder e se adaptar a ela.