Consea-PE promove debate entre governo e sociedade civil
por Morgana Narjara (Centro Sabiá)
A Plenária do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional realizada no dia 26 de julho congregou 25 pessoas, entre representantes do governo e da sociedade civil, para tratar do plano de Convivência com o Semiárido. O objetivo é fomentar o tema dentro do Consea/PE. A comissão pretende ainda elaborar um relatório e posteriormente um documento que será encaminhado ao governo do estado de Pernambuco, no sentido de dar mais visibilidade ao tema. A mesa de debate contou com a representação do governo de Pernambuco (ProRural), movimento sindical rural (Fetape) e ONG (Centro Sabiá). Zênia Tavares, presidenta do Consea, coordenou o debate.
O representante do governo, Joseilton Evangelista, apresentou dados sobre os impactos da seca que atinge o Semiárido. Ele informou que houve uma redução de 72% na produção diária de leite, e que a produção de milho, feijão e mandioca teve uma perda de aproximadamente R$ 140 milhões, além da diminuição de 1,4 milhões no número de animais. Joseilton falou da intenção do governo de desenvolver estratégias para o enfrentamento à estiagem, dentre elas a assistência à população e aos rebanhos; fortalecimento da agricultura familiar; assistência técnica e extensão rural, ampliação da infraestrutura hídrica e acúmulo de água para a produção de alimento.
Os participantes levantaram questões como a evolução tecnológica poder contribuir na previsão das mudanças climáticas, de forma que o Estado esteja preparado para atender às necessidades das famílias agricultoras nesses períodos de estiagem prolongada. Questionaram também os trâmites burocráticos do Estado que dificultam a assistência emergencial às famílias. Israel Crispim, representante da Federação dos Trabalha Rurais no Estado de Pernambuco (Fetape), alertou para a dificuldade dos pequenos agricultores do Sertão em receber a assistência do Estado durante o período da seca. “O debate é para comprometer o Governo e para que ele não deixe para discutir a seca apenas quando ela está acontecendo”, critica Crispim.
Também entrou na pauta a falta de apoio do governo à agricultura de base agroecológica, que tem entre as suas diretrizes a preservação das sementes crioulas, o manejo sustentável dos recursos naturais e da biodiversidade. Questionou-se ainda as disparidades nas disputas por licitações entre empresas privadas com fins lucrativos e organizações sem fins lucrativos, para construção das cisternas.
A ideia é realizar uma plenária a cada dois meses, para que o debate sobre a segurança alimentar e nutricional em Pernambuco não seja esgotado e continue reunindo interessados em tratar do assunto. A próxima plenária já tem data marcada, será no dia 27 de setembro. Na pauta: agrotóxicos e transgênicos. Para levantar as discussões sobre os temas vêm a médica sanitarista Lia Giraldo e o médico Celerino Carriconde. A plenária será no auditório da Secretaria das Cidades, que fica na Rua Gervásio Pires, 399, bairro da Boa Vista, em Recife.
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