Mudanças climáticas e desertificação são temas de Jornada
por Sara Brito (Centro Sabiá)
Nas últimas décadas vem aumentando a recorrência de fenômenos naturais de grande porte e devastadores – ondas de calor, furacões, enchentes, aumento do nível do mar. Está cientificamente comprovado que as mudanças climáticas que provocam o aumento desses fenômenos, são intensificadas pela ação humana. A desertificação, fenômeno de degradação que ocorre em terras áridas, semiáridas e subúmidas secas, também é resultante de variações climáticas e atividades humanas. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (Pnud), em seu Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 alerta: “O mundo tem menos de uma década para mudar o seu rumo. Não há assunto que mereça atenção mais urgente – nem ação mais imediata.”
No mês de julho, no município de Triunfo, no Sertão pernambucano, realizou-se uma atividade chamada de Jornada de Sistematização, onde os temas trabalhados foram justamente as mudanças climáticas e o processo de desertificação. A Jornada foi realizada pela parceria das organizações Diaconia, Caatinga e Centro Sabiá (Dicasa), com o apoio do Fundo Nacional de Mudanças Climáticas. A atividade também serviu como ponto de partida para a produção de textos para a Agenda da Parceria 2014 e um Caderno de Experiências Agreocológicas.
Sobre o Processo – A sistematização é uma técnica que parte da necessidade de organizar e documentar os conhecimentos, para que eles se multipliquem e não se percam com o tempo. Esse registro é importante, pois evidencia saberes das próprias famílias agricultoras, passados de pai para filho. “As publicações trarão essas experiências como forma de visibilizar, de promover a reflexão no público de qual tem sido a importância e o papel das famílias agricultoras, principalmente as camponesas, dos grupos de mulheres, de jovens organizados, na diminuição dos efeitos das mudanças climáticas,” explica Lana Fernandes, técnica da ONG Caatinga.
A primeira parte da Jornada aconteceu no fim da primeira quinzena de julho, com a presença de 30 pessoas, das três instituições. Depois de debate sobre o tema, foram feitas indicações e acordos sobre como deveriam ser feitas as sistematizações; explanações sobre textos e fotos e discussão de estratégias para captação de informações e a visita à campo para realização a coleta de informações e fazer fotografias e sistematizar os textos. Já no início da segunda quinzena, aconteceu a segunda etapa da Jornada onde a produção realizada na primeira etapa foi colocada para avaliação e debate. Estrutura de texto, conteúdo e seleção de fotos foram fontes para debate e análise. As produções foram feitas por técnicos, técnicas das três organizações e jovens rurais assessorados/as por elas.
A Jovem Multiplicadora de Agroecologia Dylene Nicolau, da comunidade de Conceição, município de Sirinhaém, na Zona da Mata de Pernambuco, participou do processo e foi uma das pessoas que sistematizou experiências. Ela fala da importância do retorno do material. “Foi um momento de reflexão, de ler os textos, de ver o que tínhamos produzido, o que deveria melhorar e saber a opinião de outras pessoas. Ficamos sabendo que o que estávamos fazendo era para vários públicos e não só da agricultura familiar ou da agroecologia. Valeu muito pra gente”, avalia a jovem.
A técnica do Centro Sabiá Nicléia Nogueira também participou da sistematização das experiências e destaca a importância de conhecer a fundo a história das famílias agricultoras com que trabalha. “A própria família que eu visitei, eu já conhecia, mas não conhecia a história desde o início, as dificuldades que a família passou. Foi um momento muito importante para nós, porque contribuiu para que possamos ter outro olhar, para fortalecer nosso trabalho mais e mais,” finaliza Nicléia.
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