Juventude Camponesa Reunida no Recife

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por Sara Brito, com colaboração de Nathália D’Emery (Centro Sabiá)

Segundo o Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por todo o Brasil vivem 8 milhões de jovens rurais. Para dar visibilidade à juventude camponesa e fortalecer a sua identidade cultural, acontece até domingo, dia 19, no Parque de Exposições do Cordeiro, no Recife, o III Congresso Nacional da Juventude Camponesa – Terra, Pão e Dignidade. O Congresso é realizado pela Pastoral da Juventude Rural (PJR), que atua há 30 anos na formação e engajamento da juventude rural nos movimentos sociais do campo.

Com seus trabalhos nas últimas décadas, a Pastoral vem procurando mostrar que há uma juventude além daquela padronizada pelos meios de comunicação. O encontro reafirma a opção da PJR pela luta e resistência do jovem do campo, que também é protagonista da sua própria vida. Para Laécio Vieira, secretário nacional da Pastoral da Juventude Rural, o Congresso, que acontece desde a última terça-feira, proporciona “uma semana rica em formação, com várias oficinas, mesas e debates sobre a questão do projeto popular para o Brasil”. A programação, que também foi aberta para a participação de jovens de centros urbanos, ainda conta com apresentações culturais e regionais de todos os estados envolvidos no encontro, o que Laécio Vieira descreve como “um momento de grande comunhão”.

Entre os temas debatidos no III Congresso Nacional da Juventude Camponesa, estão a conjuntura da realidade brasileira, a reforma agrária, a saúde, o Programa Mais Médicos e a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos. Além disso, o evento promove uma marcha com o mote “Juventude, Campo e Cidade na luta pelo projeto popular”. Alex Marins, da PJR e um dos organizadores do III Congresso, comenta que as reivindicações são para a construção de um projeto diferente de sociedade, a partir de questões levantadas pelo povo, como o acesso à terra, direitos à educação contextualizada no campo, democratização da comunicação e agroecologia. Dentro da programação geral, também acontece um ato público contra o uso de agrotóxicos, com o objetivo de chamar atenção para quantidade de produtos químicos utilizados pelo agronegócio brasileiro.

Estima-se que o III Congresso Nacional da Juventude Camponesa conseguiu reunir cerca de 2 mil jovens rurais e urbanos, rompendo fronteiras e permitindo interações e trocas. Até domingo o evento será um momento de fortalecimento de ideias e articulação de redes. Para Léo Machado, jovem de 27 anos e participante do III Congresso, o espaço proporciona o empoderamento da juventude. Para ele, a semana tem sido um “momento de reflexão e formação de novos quadros de juventude que existem em Pernambuco e outros lugares. A geração nova está precisando tomar um gás, com perspectivas e caminhos frente ao que está posto”, conclui Léo Machado.  

Juventude e Agroecologia – Dentro da programação do evento, também aconteceu nesta quinta, dia 16, o 4º Encontro Juventude e Agroecologia, promovido pela ONG Centro Sabiá com o apoio de outras organizações parceiras, como CETRA, SASOP e Caatinga. Com o tema “Comunicação para a libertação!”, o encontro reuniu cerca de 150 pessoas de regiões rurais e urbanas de todo o país. O encontro foi marcado por rodas de conversa onde os jovens trocaram experiências sobre rádio, redes sociais, jornalismo comunitário, grafitagem, sistematização de textos, entre outras ferramentas de comunicação. Os trabalhos em grupo foram facilitados pelo Laboratório de Mídias Autônomas (Rádio Lama); pela ONG Artigo 19; pelo grupo Gambiarra; pela assessoria de comunicação da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA); pelo Núcleo de Comunicação do Centro Sabiá; pelo Povo Xucuru e pelo Movimento Cultural Cores do Amanhã.   

Janaína Ferraz, assessora para juventude do Centro Sabiá, comenta que o 4º Encontro Juventude e Agroecologia buscou fazer uma reflexão sobre o papel da comunicação na visibilidade e organização da juventude. “Os participantes puderam perceber que uma comunicação libertadora gera construção coletiva de conhecimento e autonomia, além de garantir espaços de denúncia, mobilização social, informação e educação”, explica Janaína Ferraz.

 


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