Copa do Mundo para quem?

O mundial da FIFA está desabrigando populações vulneráveis em nome de um modelo de desenvolvimento desrespeitoso, que fere os espaços e os direitos das pessoas

Por Victória Ayres (Centro Sabiá)

Desde que foi anunciado como país-sede da Copa, o Brasil tem passado por extensas transformações estruturais e políticas. Cada cidade escolhida para sediar os jogos desse evento esportivo internacional foi palco de conflitos entre ações do governo, que se associou muitas vezes à iniciativa privada para reformar os espaços físicos com o intuito de cumprir as recomendações da Federação Internacional de Futebol (Fifa), que promove o mundial, e de grupos populares diretamente afetados por essas mudanças. Em várias regiões do país, as obras estruturais para a Copa desrespeitaram o direito à moradia de populações mais vulneráveis e foram executadas sob o argumento de que estariam modernizando as cidades em que foram construídas. Entretanto, em algumas cidades como Recife, grande parte das obras ainda está inconclusa, faltando menos de um mês para o evento.

Em resposta às ações arbitrárias dos governos locais, a sociedade civil criou comitês populares da copa com o intuito de dialogar e ir de encontro às propostas do poder público. Em Pernambuco, a cidade-sede da copa é São Lourenço da Mata, onde está localizada a “cidade da copa”, um complexo de 240 hectares. Além da Arena Pernambuco, a cidade abrigará bares, hotéis e outras construções, com o discurso de que irá modernizar e trazer riqueza para a região.

Essa riqueza, porém, possui um custo muito alto. “Até hoje não foi divulgado oficialmente quantas pessoas foram ou serão removidas por obras da Copa do Mundo da Fifa 2014 em Pernambuco”, disse Andrea Luna, no documentário “Gol Contra”, produzido pelo coletivo Copa Favela 2014. Membros do comitê popular da copa de Pernambuco estimam que, até o presente momento, 450 famílias foram removidas de suas casas sem as devidas indenizações por motivos meramente burocráticos, sendo abandonadas ao descaso e tratadas com indiferença.

O fato da Copa do Mundo acontecer no mesmo ano das eleições presidenciais e do executivo fez com que as referidas obras para modernizar os ambientes urbanos e também periféricos servissem de campanha eleitoral. Sendo assim, foram executadas de maneira brusca, às pressas e sem consulta da população, ferindo os espaços e os direitos das pessoas. A Copa já está próxima e por isso é necessário que se busque informação a respeito do que cada poder público local está realizando em prol desse “desenvolvimento” e fiscalizá-lo para combater mais abusos governamentais. Procure o seu comitê popular estadual!

Acesse o Portal Popular da Copa para saber mais informações sobre os comitês: http://www.portalpopulardacopa.org.br/


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