Discussão sobre a comunicação inclui a Agroecologia
Pautas se cruzaram na Roda de Diálogo “Comunicação e Agroecologia: experiências de
fortalecimento da luta dos povos do campo” / Foto: Laudenice Oliveira – Acervo Centro Sabiá
Os debates acerca da Agroecologia como modelo de produção e qualidade de vida estiveram presentes no Encontro Nordestino pelo Direito à Comunicação, que aconteceu entre os dias 12 e 14 de março, no Recife
Por Eduardo Amorim (Centro Sabiá)
Do agricultor que tem sua terra ameaçada pelas grandes indústrias ou pela monocultura, ao cidadão de uma grande metrópole que não consegue ver seus dramas e alegrias na mídia, a discussão sobre os meios de comunicação envolve e interessa a todos que querem lutar por um país melhor e mais justo. E para entender e participar mais ativamente desse debate, que raramente se vê na televisão, o Fórum Pernambucano de Comunicação realizou o Encontro Nordestino pelo Direito à Comunicação, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), entre os dias 12 e 14 de março.
Professor da Universidade Federal de Sergipe, Othon Jambeiro, fez uma fala que deixou muitos intrigados durante o ENeDC ao comparar o Facebook e as redes sociais com um Shopping Center, onde se simula a cidade, mas o cidadão na verdade está dentro de um espaço controlado por um grupo econômico que inclusive vende seus anúncios e deve observar regras que ainda são pouco definidas no Brasil.
Para ele, “a comunicação teve um impacto muito grande nos últimos anos com as novas tecnologias, a aplicação desse desenvolvimento tecnológico, e esse impacto tornou muito mais complexas a formulação de políticas para o mundo da comunicação, porque não mais se trata de fazer uma legislação para jornal e televisão, mas também de internet e tantas coisas que ainda estão em evolução e seu potencial ainda é desconhecido”.
O Centro Sabiá participou ativamente da organização do encontro e esteve presente em um debate que uniu as pautas da Agroecologia e da comunicação. Juntamente com o MOC – Movimento de Organização Comunitária, a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e a Articulação no Semi-Árido (ASA) foram apresentadas experiências concretas de comunicação popular no campo da agroecologia com exibição de curta e presença de pessoas do campo.
Agricultor Cabeludo, do Assentamento Amaraji, estava presente para assistir ao curta Taco de Terra
e falar sobre sua experiência / Foto: Débora Britto
Participante do vídeo Taco de Terra, da série Curta Agroecologia, o agricultor José Augusto, o “Cabeludo”, do Assentamento Amaraji (Rio Formoso – PE) mostrou-se orgulhoso por ver retratada sua luta e disse se sentir orgulhoso ao sair de sua comunidade e ver retratado seu trabalho pela agroecologia, mesmo em um evento que tinha como tema principal a comunicação.
O coordenador geral do Centro Sabiá, Alexandre Pires, explicou que a agroecologia se contrapõe ao modelo do agronegócio, baseado nas grandes produções, propriedades e lucros. Mas que para conseguir articular esse movimento por uma outra perspectiva no campo é preciso fortalecer as discussões sobre o poder político, econômico e o domínio da grande imprensa e gerar um contraponto também em termos de comunicação.
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