Sabiá chega aos 22 anos reinventando sua história
Aos 22 anos, Sabiá continua “ousado” e se reinventa no campo e na cidade, como na participação que teve no Ocupe Campo-Cidade. Foto: Sara Brito/Centro Sabiá
Por Eduardo Amorim (Centro Sabiá)
O Centro Sabiá completa 22 anos nesta quinta-feira, 9 de julho de 2015. Fundada em 1993, a instituição trabalha para a promoção da agricultura familiar dentro dos princípios da agroecologia. Desde essa época em que ainda começava a se desenvolver, especialmente no Brasil, a discussão ambiental e da ecologia, vêm sendo desenvolvidas experiências aqui no Estado para desenvolver a agricultura agroflorestal.
Hoje, com uma atuação diversa e relevante, especialmente em redes como a Articulação Nacional de Agroecologia e a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), a atuação do Sabiá tem como princípio a construção coletiva do conhecimento e sempre com abordagens que levam a uma convivência mais saudável do homem com o meio ambiente.
A ONG passa em 2015 por um processo de avaliação externa que vem sendo conduzido por dois consultores, para analisar os processos e a atuação do Sabiá. “Após dez anos da última análise, sentimos a necessidade por conta do crescimento da nossa área de abrangência e mesmo do tamanho de equipe”, diz a coordenadora Administrativo-Financeira do Centro Sabiá, Veronica Luiza Silva Batista.
Aos 53 anos, 21 deles dentro da ONG,,ela viu a utopia que era tocada na sua chegada por oito técnicos/as se tornar uma realidade que envolve mais de 70 profissionais espalhados pela sede no Recife, Zona da Mata, Agreste e Sertão. Ao falar sobre seu trabalho, ela reverbera o discurso pedagógico, ambiental e político da entidade, mas sabe que mais que isso sua fala representa o sentimento de quem trabalha numa instituição que foi crescendo juntamente com o próprio desenvolvimento da agroecologia em Pernambuco.
Na entrevista abaixo, Veronica conta alguns casos interessantes da sua passagem que começou como secretária quando a entidade era coordenada pelo hoje professor da UFRPE e sócio do Centro Sabiá, Marcos Figueiredo, em 1994. Uma história que se confunde com a da própria entidade, pois teve início pouco mais de um ano depois do momento em que um pequeno grupo escolheu o nome da entidade por representar uma planta nativa da Caatinga, mas com tantos predicados positivos e que se adaptava facilmente a outros climas, e um pássaro de canto inspirador presente no meio rural e urbano brasileiro.
Parecia simbolizar a agroecologia o sabiá. Curiosamente, um casal dessa espécia costuma até hoje fazer ninhos no jardim (uma mini-agrofloresta) que fica na parte de trás da sede do Centro Sabiá. A escolha do animal deve ter realmente acertado em cheio um sentimento que poucas pessoas podem falar como Veronica, que viveu boa parte da história dessa instituição.
IDENTIFICAÇÃO: Na verdade a grande influência pra mim foi o grupo de jovens da igreja católica no bairro da Estância, a coisa mais política mesmo. Tinha a história de Padre Reginaldo, Dom Helder e vivíamos o a época da Ditadura Militar. Mas quando eu vim para cá era só um emprego mesmo. Durante anos eu tinha trabalhado como desenhista técnica com uma arquiteta. Depois, eu fiquei seis meses sem trabalhar, nesse tempo eu tinha uma sorveteria e depois fui trabalhar (por conhecimento) na Secretaria da Agricultura do Governo do Estado. Mas pouco sabia sobre agrofloresta e agroecologia ao chegar no Centro Sabiá.
TRAJETÓRIA NO SABIÁ: Tive sorte por trabalhar aqui, pois existe um respeito e tive condições de estudar e crescer profissionalmente. Conto com uma pessoa, Ana, que assume as coisas lá em casa e me ajuda muito com meus filhos (Veronica é mãe de Clovis e Edson). Mas não vejo como nada espetacular, essa história é igual a de toda mulher, que quer crescer, estudar e ter um papel relevante.
Verônica chegou como secretária ao Centro Sabiá e nos seus mais de 20 anos de instituições testemunhou as diversas fases da ONG. Foto: Acervo Centro Sabiá
REINVENÇÃO: Eu acho que a gente tem uma coisa que a gente investe muito em nós, nos profissionais que estão aqui e na capacitação. E um diferencial na coisa de ousar. Eu acho que a palavra do Sabiá é ousadia. A gente sempre foi muito ousado! A opção pela agrofloresta quando ninguém ou poucas pessoas pensavam nisso (na Década de 90). O negócio piscou lá na frente e a gente foi atrás e eu acho que a questão da gestão financeira é muito importante para nós também.
O CAMPO E A CIDADE: Nós sempre fizemos intercâmbio para o administrativo conhecer o campo. Eu acho que essa relação do administrativo, com a base é o nosso ponto forte mesmo. Por que muitas questões administrativo-financeiras nas instituições são tratadas em segundo plano e aqui a gente não faz assim. Acredito que por isso somos reconhecidos como uma instituição moderna e que tem uma gestão eficiente e transparente.
Que bom ter você por aqui…
Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.