A Zona da Mata vai à Feira

Feira Agroecológica de Sirinhaem 15                                              Jovem agricultora na Feira Agroecológica de Sirinhaém. Foto: Acervo Centro Sabiá

Por Laudenice Oliveira (Centro Sabiá)

Quando se fala dos sotaques, das falas, dos regionalismos há uma brincadeira com o povo pernambucano, porque dizem que aqui as pessoas não vão às compras, vão à feira. E é bem isso mesmo. Ir à feira faz parte da nossa cultura porque lá é o espaço onde além de encontrar alimentos e os artigos necessários para abastecer nossa casa, também se faz amizades, se troca experiências e se constrói o elo entre o campo e a cidade. É com esse espírito que a Rede de Agroecologia da Mata Atlântica (RAMA) e o Centro Sabiá realizam o Encontro Territorial de Feiras Agroecológicas entre os dias 27 e 28 deste mês, em Rio Formoso, Zona da Mata Sul de Pernambuco. O encontro reunirá 40 agricultores e agricultoras que comercializam e coordenam feiras agroecológicas em seis municípios da região.

A iniciativa tem o objetivo de fortalecer a comercialização dos produtos agroecológicos produzidos no território pelas famílias agricultoras. São agricultores e agricultoras dos municípios de Rio Formoso, Ribeirão, Sirinhaém, Tamandaré, Catende e Palmares. Cidades onde as feiras agroecológicas já fazem parte do cotidiano local. A RAMA quer discutir como melhorar essa comercialização solidária no âmbito do território olhando desde a formação desses espaços, a gestão dos mesmos assim como o diálogo com o poder público. “A ideia é fortalecer o que já se tem construído dentro da RAMA, olhando para o nosso território de atuação”, explica a técnica do Centro Sabiá Dilene Nicolau. Nesses espaços de comercialização estão inseridas 110 famílias agricultoras. A maioria mulheres e jovens que encontraram uma forma de escoar sua produção e gerar renda.

Resgate – a Feira dos Produtores Agroecológicos de Sirinhaém (Fepas), é uma das pioneiras da região, existe há mais de nove anos. Para resgatar o início e como essa história se manteve e incentivou outras iniciativas de comercialização no território, uma das metodologias utilizada no Encontro de Feiras é a construção da linha do tempo. Com essa dinâmica cada município reconstituirá sua história que dará origem a uma montagem de barracas e outros elementos que ilustrem essa construção que gerará um carrossel de experiências. A autonomia das férias, sua gestão, divulgação, organização, volume de comercialização, diversificação e fundo de feira são assuntos que entrarão no debate.

Agroecologia e Segurança Alimentar – no âmbito do movimento agroecológico há a discussão de como as feiras agroecológicas são importantes pra promover Segurança Alimentar e Nutricional das populações, como defende a presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea Nacional), Maria Emília Pacheco. “As cidades precisam ter ambientes alimentares e as feiras agroecológicas precisam ser vistas como equipamentos públicos de alimentação”, afirmou durante a Conferência Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional do Recife. Esse debate precisa evoluir e ser considerado durante a Conferência Estadual que tem como lema Comida de Verdade no Campo e na cidade: por direito e soberania alimentar, que acontece no Recife entre os dias 4 a 6 de agosto
deste ano.


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Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

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