Pressão popular para mudar o Brasil é o recado do Grito dos Excluídos
Foto: Débora Britto/Acervo Centro Sabiá
Por Débora Britto (Centro Sabiá)
Reformar a política para democratizar a comunicação. Com este mote, o Grito dos Excluídos em Pernambuco, no Recife, reuniu em seu 21º ano cerca de duas mil pessoas que caminharam e expressaram, com seus gritos, a luta pela garantia de direitos às populações historicamente negligenciadas por governos e poderes públicos. São empregadas/os domésticas/os, trabalhadoras/es rurais, profissionais da saúde, serviço social, funcionários/as públicos, pastorais e movimentos sociais e gente que trabalha na defesa de direitos para toda a sociedade.
No dia 7 de setembro, feriado nacional, enquanto as forças armadas marcharam para celebrar a versão oficial da Independência do Brasil, o Grito dos Excluídos traz o tema “Que país é esse que mata gente, que a mídia mente e nos consome?”.
O contexto político nacional associado a uma mídia hegemônica que manipula informações de acordo com seus interesses econômicos tem reforçado a necessidade de união de forças e pautas para responder a investida conservadora com pressão popular e defesa de direitos.
Foto: Débora Britto/Acervo Centro Sabiá
Com cartazes, músicas e palavras de ordem, as pautas e bandeiras levantadas defenderam a reforma política popular, a taxação de grandes fortunas, a defesa do SUS como garantia do Direito Humano à Saúde, a descriminalização da juventude, a regulamentação da mídia, o reconhecimento e valorização da população idosa, LGBTT, das mulheres negras e também das pessoas que vivem com necessidades especiais. Como essas, muitas outras lutas silenciadas pela mídia hegemônica – chamada grande mídia – e ignorada por grande parte dos legisladores e políticos brasileiros.
“A gente conseguiu cota nas universidades, a gente conseguiu que melhorasse a educação. E aí querem derrubar. Vamos derrubar esse congresso reacionário, esse congresso que vem com uma pauta bomba contra os trabalhadores”, disse Gilvanete Galvão, do Sindicato dos Servidores Administrativos da Fazenda. Para ela, o momento também é de lutar pela continuação das políticas sociais que avançaram na redução da pobreza e na valorização de segmentos que por anos foram esquecidos pelas políticas públicas. “A gente precisa estar cada dia mais organizado. E vamos para 21º Grito, para o 22º e quantos forem necessários porque a classe trabalhadora unida jamais será vencida”, completou.
“Nossos sonhos só a luta faz valer”
Edilson Ferreira da Silva luta por sonhos e melhorias de vida para o
povo brasileiro/ Foto: Débora Britto – Acervo Centro Sabiá
Edilson Ferreira da Silva, recifense, morador do bairro de Água Fria, localizado na Zona Norte da capital pernambucana, participa do Grito dos Excluídos há alguns anos. Este ano, no entanto, ele decidiu participar de um jeito diferente. De pernas de pau, peruca colorida, caminhou quase todo o percurso do ato com o cartaz nas mãos apontadas para o alto. De lá de cima, a mensagem de esperança e força: nossos sonhos só a luta faz valer.
“Eu luto por justiça e uma sociedade igualitária. Luto pelo socialismo, mais saúde, educação e cultura para esse povo”, explicou Edilson. Segundo ele, participar do Grito com pernas de pau é seu modo de mostrar que a busca por um mundo mais justo é difícil, por vezes dolorosa, mas é possível. “Levei alguns tombos, que é natural. Aí foi quando eu disse “é hoje que vou ter que andar” e andei”, conta, já com o sorriso no rosto e pronto para seguir com a caminhada e com a luta diária.
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