Novas cozinhas facilitam beneficiamento da produção agroecológica
Em Gravatá, cozinhas foram inauguradas com festa / Foto: Eduardo Amorim (Centro Sabiá)
Por Eduardo Amorim (Centro Sabiá)
Quem compra a bastante tempo nas feiras agroecológicas do Recife deve ter percebido algumas mudanças. A própria dinâmica dos consumidores vai fazendo com que os agricultores e agricultoras passem a levar novos produtos, melhorem a apresentação de outros e aumentem assim as facilidades para quem compra. Mas ao mesmo tempo, quem trabalha com isso também tem que investir na melhoria das suas condições de trabalho no campo e nas cozinhas.
Apoiado pela Fundação Banco do Brasil, o Projeto Ecoforte está dando condições para que os agricultores e agricultoras adquiram algumas máquinas agrícolas – como roçadeiras, tratoritos – e também construção de novas unidades, além de aquisição de fornos e outros utensílios da culinária e reformas ou construção das cozinhas. Em alguns casos, os agricultores e agricultoras decidiram fazer reformas ou construções próximas às residências, que passam a ser utilizadas pelas donas da casa, seus familiares e também por vizinhos que ajudam no tratamento dos alimentos, já no caso da Associação dos Produtores Agroecológicos e Moradores das Comunidades do Imbé, Marrecos e Sitio Vizinhos, em Lagoa de Itaenga (ASSIM) a escolha foi por uma unidade coletiva.
Presidente da Amaterra, Cilleny Alves, explica a opção por cozinhas construídas próximo às residências, pois lá na comunidade de São Severino “temos várias agricultoras que têm produção de pequeno porte, mas os equipamentos estão servindo também a outras vizinhas e familiares das pessoas beneficiadas”. Além de duas cozinhas, a associação decidiu construir através das técnicas da Permacultura uma estrutura geodésica, que irá abrigar reuniões e encontros sobre agroecologia.
Representando a Fundação Banco do Brasil e a Superintendência do BB, Clenio Barros, esteve presente na inauguração das cozinhas em Gravatá e contou um pouco de como está sendo a experiência de conhecer o trabalho dos agricultores e agricultoras agroecológicos em Pernambuco, depois que a FBB passou a apoiar a Rede Espaço Agroecológico (que tem três feiras de produtos agroecológicos no Recife, onde os agricultores e agricultoras da AmaTerra, da ASSIM e de outras quatro associações comercializam seus produtos). E aproveitou para lembrar que o Banco do Brasil “pode financiar o aumento da produção pois temos as linhas de crédito do Pronaf”.
O Banco do Brasil, através da Agência de Gravatá da instituição bancária, também apoiou a criação da nova feira do município, que foi a primeira cidade a ter um local de venda de produtos orgânicos em Pernambuco e estava sem um espaço de comercialização. Assessor de comercialização do Centro Sabiá, Davi Lucas, explicou que o projeto Ecoforte está financiando pequenas estruturas para ampliar e qualificar o beneficiamento da produção que abastece a população do campo e da cidade, proporcionando soberania e segurança alimentar para as famílias agricultoras e melhorias nas condições de trabalho.
Em Bom Jardim, serão inauguradas na próxima segunda-feira, 20, as cinco cozinhas conseguidas através do Projeto Ecoforte nos sítios de agricultores e agricultoras da Agroflor. Integrante do Espaço Agroecológico de Boa Viagem, Dona Zefinha receberá os convidados em sua casa para comemorar a inauguração. “Já estamos fazendo polpa de cajá e acerola, mas acredito que muita coisa ainda pode melhorar. A gente pode fazer cursos e cozinhar outras coisas além do que já levamos para a feira”, conta ela, que produz bolos, pastéis e pães.
A Assim, em Lagoa de Itaenga, optou pela construção de uma cozinha semi-industrial que terá uso coletivo e irá facilitar o trabalho de beneficiamento dos produtos para venda nas feiras ou direta aos consumidores. A escolha feita pela Associação dos Produtores Agroecológicos e Moradores das Comunidades do Imbé, Marrecos e Sitio Vizinhos, possibilitou que fossem adquiridos produtos específicos como uma embaladora à vácuo e um forno semi-industrial, que servirá para a produção de bolos e pães que são vendidos nas feiras agroecológicas.
Respeitando as situações de cada comunidade, já que não se pode atuar com agricultores e agricultoras como se todos fossem iguais, as construções e reformas de cozinhas e os equipamentos adquiridos irão melhorar as condições de trabalho especialmente das mulheres (que são a maioria no trabalho com beneficiamento) e a expectativa é que em breve os consumidores perceberão os impactos positivos dessas iniciativas nas feiras da Rede Espaço Agroecológico de Santo Amaro, Boa Viagem e das Graças.
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