Educação do e no campo: troca de experiências com quem entende do assunto
Foto: Dilene Nicolau/Centro Sabiá
Por Janaina Ferraz e Dilene Nicolau (Centro Sabiá)
A caravana partiu do Recife com representações das regiões da Mata, do Agreste e Sertão de Pernambuco. Um grupo de 17 pessoas, formado por técnicos e técnicas, representantes de Organizações Não Governamentais (ONGs), movimentos sociais e gestores/as públicos municipais, seguiu para a Bahia para conhecer experiências da Escola Família Agrícola (EFA). O grupo participa de um Intercâmbio sobre Educação do e no Campo nos municípios de Juazeiro, Sobradinho e Monte Santo, no estado baiano. A atividade teve início na última terça (23) e segue até sexta (26). O evento é uma realização do Centro Sabiá em parceria com a Fetape, o MST, Pastoral da Juventude Rural (PJR), Adessu, Agroflor, IRPAA e MOC, sendo estas duas últimas organizações da Bahia.
O objetivo do intercâmbio é conhecer, na prática, como se estrutura esse modelo de educação contextualizada, a partir das realidades dos/as educandos/as. A primeira EFA visitada foi a de Sobradinho. Os intercambistas tiveram a oportunidade de conhecer as instalações físicas da escola, os setores de produção, processos administrativos e seu funcionamento e a estrutura metodológica da EFA. A proposta também é de trocar experiências na perspectiva de construir processos e escolas que se contraponham ao modelo de educação vigente, baseado em uma educação bancária, e não valoriza, tampouco reconhece as pessoas do campo como atores estratégicos e fundamentais para a continuidade da agricultura familiar neste país.
Essas escolas agrícolas têm como proposta metodológica a pedagogia da alternância e a valorização de uma educação de fato emancipadora. “A educação contextualizada vem para mudar o olhar para o campo, e não para transformar o cenário do campo. Ela vem na busca de igualdade e justiça social”, destaca o coordenador da EFA de Sobradinho, Ivo de Jesus Costa.
Vivência: Durante a visita, foi realizada uma atividade intitulada Caminhada Transversal nos Setores de Produção. O grupo conheceu os 12 setores de experimentos da EFA, que são desenvolvidos com a participação direta dos/as educandos/as do 1º ano do Ensino Médio/Técnico. Os/as estudantes coordenam e dividem as tarefas para manutenção das atividades nos setores como compostagem, fruticultura, plantas medicinais, horticultura, caprinocultura, dentre outros. Foi um momento de troca de saberes entre os intercambistas e os/as jovens estudantes. Uma experiência gratificante, pois a juventude envolvida nesse processo valoriza bastante esse formato de escola. “Essa escola é diferente porque mostra a nossa realidade. As outras só mostram o agronegócio e as coisas de fora”, explica Lucas Borges, 18 anos, que está cursando o 1º ano do Ensino Médio/Técnico. Cleisiane Martins dos Santos, que tem 15 anos e também é estudante do 1º ano do Ensino Médio, afirma que é uma oportunidade de conhecer sua identidade camponesa. “A escola dá oportunidade de a gente conhecer as experiências e vivências da nossa comunidade, estimulando nossas raízes, nos ajudando a não esconder quem somos”, conclui.
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