AGROFLORESTA DA TRANSFORMAÇÃO

Por: Gabriel Venâncio, jovem multiplicador da agroecologia do município de Flores/PE.

Foto : CJMA

No semiárido nordestino muitas tecnologias alternativas de convivência com o semiárido, vêm sendo implantadas para as famílias agricultoras. Sistemas esses que trazem melhoria na qualidade de vida destas familias.  E uma destas tecnologias é o sistema do RAC/SAF (Reuso de Águas Cinza/ Sistema Agroflorestal), que tem como objetivo o reuso das águas que são gastas nas casas das famílias e que muitas das vezes são descartadas de forma indevida dentro do agroecossistema familiar. Por isso o RAC tem contribuído para a reutilização da água, da seguinte forma: Após essas águas passarem por todo processo de filtração por um filtro biológico que é construído para essa finalidade, utiliza-se a água na irrigação do Sistema Agroflorestal (SAF) que também é implantado dentro do agrossistema, completando assim uma parte do processo. No período de estiagem que é um dos grandes problemas que as famílias agricultoras enfrentam todos os anos, essa tecnologia vem a ser essencial para a sustentabilidade de todo agroecossistema. O Centro Sabiá em parceria com o Caatinga, entidade que atua no Sertão do Araripe Pernambucano, e com o apoio da Cáritas Suiça, desenvolveram esse projeto e desde o ano passado vem fazendo a implantação desses sistemas no Sertão Pernambucano. Uma das áreas que foi implantada foi a minha que fica no Assentamento Parceiros do Pajeú, localizada no município de Flores/PE.

Sou Gabriel Venâncio, integrante da Comissão de Jovens Multiplicadores da Agroecologia (CJMA). E ter sido um dos contemplados por essa tecnologia foi de grande alegria, pois nos mudamos para o Assentamento a pouco mais de um ano e estamos fazendo todo um processo de adaptação e recuperação da propriedade. Propriedade essa que foi muito explorada para o cultivo e criação de gado pelo antigo dono. Até então não tínhamos uma fonte de água que desce para o consumo e implantação de um sistema agroflorestal, pois como somos um assentamento novo temos apenas o programa P1MC (Programa um Milhão de Cisternas) que não garante água suficiente para implantação de um SAF, pois no período de estiagem não temos como manter o sistema, e com a chegada do RAC/SAF podemos sonhar mais uma vez e torna-lo realidade. Este sistema proporciona qualidade de vida para a família e também para todo o sistema como um todo. Agora podemos plantar e saber que no período de estiagem teremos água disponível para o sistema e melhor ainda é saber que essa água é reutilizada dos gasto que já se tem na casa como pia de lavar pratos e ralo do banho de todos nós, em saber também que agora podemos pensar em produzir não só para produção de alimentos mais para produção de insumos que serão utilizados pelas criações de pequenos animais.