5 de Junho – Dia Mundial do Meio Ambiente. O que temos para celebrar?
Rosa Sampaio
Jornalista do Centro Sabiá
Hoje, 5 de junho, é o Dia Mundial do Meio Ambiente e pouco temos o que celebrar, seja em escala territorial, nacional e mundial. As mudanças climáticas vem mudando cenários e provocando tragédias por todos os lugares do planeta, mas visivelmente as populações impactadas por essas tragédias diz muito de quem paga a conta pela pelo crescente aquecimento global, os pobres do mundo todo, em especial dos continentes e nações subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.
Poucos são ações dos países ricos comprometidas de fato em mitigar as causas do aquecimento e dos impactos ambientais provocados por séculos de exploração de recursos e descartes não planejados. As consequências desse desequilíbrio climático já podem ser notadas no Brasil. A região Sudeste e parte do Nordeste sofrem com chuvas intensas, que deixam mortos e desabrigados, como a chuva do último sábado (28) que atingiu várias cidades do Grande Recife, Zona da Mata e Agreste de Pernambuco.
O número de vítimas é de quase 130 pessoas em Pernambuco e o perfil de quem mais sofre com os temporais seguem o padrão mundial, populações pobres, negras , periféricas, que habitam territórios que apresentam riscos de cheias e desabamentos e sem infraestrutura básica, como moradias dignas, saneamento básico e coleta de lixo.
Recife, a capital, é apontada pelo IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, como a 16ª cidade mais ameaçada pela emergência climática e pelo avanço do nível do mar. E aqui as desigualdades territoriais e o racismo ambiental revelaram quem sofre os maiores impactos e a total falta de planejamento urbano, na capital e em toda a Região Metropolitana. Os mortos e os milhares de desabrigados, em maioria pessoas negras, vivem em locais de encostas e nas periferias.
O que está acontecendo aqui em Pernambuco não é um fato isolado e nem temporário, as chuvas vão passar, mas os impactos da tragédia e os problemas sócio-econômicos irão continuar. No país onde o governo atual está passando a “boiada” nas poucas políticas de preservação e mitigação do meio ambiente, o resultado da soma das mudanças climáticas e da falta de políticas públicas devem impactar na vida de muitos, dos mais pobres, mas também não demora a chegar para todos: catástrofes, ondas de muito calor ou frio, combustível e energia mais cara, abastecimento de água comprometido e escassez de alimentos são uma das consequências já previstas por cientistas e ambientalistas.
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