Juventudes participam do Estágio de vivência de Agrofloresta e beneficiamento da produção

Valdirene Alves de Souza
Jovem multiplicadora da Agroecologia, da comunidade Poço Grande no município de Flores/PE

Comissão de Jovens Multiplicadores/as da Agroecologia (CJMA)

O Estágio de Vivência aconteceu entre os dias 13 e 17 de junho de 2022 com as juventudes da Comissão de Jovens Multiplicadores/as da Agroecologia. Foi realizado na propriedade da família de Maria Silvanete e Vilmar Lermen, Sítio Paus Dóias na cidade de Exu/PE. Esta iniciativa está dentro das ações que o Centro Sabiá vem realizando com as juventudes por meio do projeto Juventudes e Agroecologia: Sistemas Agrícolas sustentáveis para enfrentar a fome e emergência climática no pós-pandemia apoiado por terre des hommes schweiz.

Ficou claro que esta ação chega para fortalecer o que já vem sendo desenvolvido com as juventudes como uma forma de nos incentivar a iniciar ou continuar o trabalho com a Agroecologia. Como disse o jovem de 23 anos, Felipe Aparecido Eleutério Balbino, do Sítio Salgada município de Calumbi: “foi a primeira vez que participei de uma vivência, mas gostei do que vi, de como as informações nos foram passadas com clareza, a explicação sobre cada processo e como executar, a dificuldade foi só na hora de executar, falo por mim que não consegui cumprir muito bem algumas tarefas, também quero ressaltar a hospitalidade dos moradores que nos acolheram muito bem e agradeço a paciência com a gente”.

Também teve a fala da jovem Jamily Emanuele Oliveira de Brito, de 19 anos que reside no engenho Rochedo, município de Catende: “essa experiência foi de extrema importância para o meu desenvolvimento, por ser uma vivência bastante importante de práticas e técnicas que posso reproduzi-la em minha área e no desenvolver da minha Agrofloresta. Além de aprender sobre plantio e manejo, e um pouco sobre a agroindústria. O que mais me chamou atenção foi a diversidade de plantas que se pode e deve inserir em um sistema de agroflorestal, para assim fazer a melhor preservação da área e recuperação da mesma”.

Comissão de Jovens Multiplicadores/as da Agroecologia (CJMA)

            Ou seja, esta vivência veio para favorecer que os/as jovens estejam montando suas Agroflorestas, mostrando a eles e elas que é possível sim permanecer no campo com alimento de verdade e geração de renda. Esses tipos de vivências são muito importantes até porque nem todos os/as jovens sabem o que é uma Agrofloresta e como ela funciona; como podemos nos beneficiar dela e mostrar a realidade com as facilidades e dificuldades para se manter um Sistema Agroflorestal (SAF). Neste sentido, durante todos estes dias pudemos debater e conhecer experiências práticas e teóricas que sem dúvida nos ajudará na implantação ou manutenção dos nossos SAFs.

A jovem Maria Cristina Barbosa da Silva, de 22 anos da Comunidade Cavalhada, município de Flores quando perguntada sobre o que achou do Estágio falou: “eu faço curso de gestão ambiental e pretendo fazer meu TCC com o tema:  plantas medicinais. Por isso eu vim para esta vivência agroflorestal, com o intuito de agregar novos conhecimentos nessa área. Foi uma experiência de bastante aprendizado, tanto teórico quanto prático, sobre a agrofloresta, plantas e podas. Descobri que o manejo de algumas plantas que tenho em casa é feito incorretamente como o pé de jabuticaba que é totalmente de sombra e eu não sabia, na minha casa tem um e ela passa mais tempo no sol que na sombra e agora que eu sei, chegando em casa vou ver o que posso fazer para resolver isso. Outra coisa que destaco é o planejamento que tem que ser feito para fazer a implantação de uma agrofloresta, a posição das linhas com as plantas viradas para o poente do sol, o manejo frequente e a cobertura do solo para manter a humidade e os nutrientes dentre várias outras coisas”.

Essa atividade foi muito importante para aprendemos a planejar, a preparar o solo, a fazer podas, como também a extradição das plantas, aprendendo como podem ser feitas de acordo com sua área, região e realidade. Tivemos também a oportunidade de conhecer a agroindústria Agrodoia, onde vimos e participamos da preparação de biscoito (sequilho). Foi um momento onde conhecemos um pouco a comunidade, sua cultura e religiosidade. Foi uma vivência muito importante onde tiramos muitas dúvidas. Este Estágio mostrou como estar em uma vivência como esta favorece o aprendizado e o sentimento de pertencimento da Agrofloresta, começamos a vê-la com outros olhos, com esperança.

Comissão de Jovens Multiplicadores/as da Agroecologia (CJMA)

E para finalizar, ao término da nossa estadia, perguntamos aos participantes o que acharam, como estavam saindo, o que aprenderam, se fez sentido ou não para eles/as todes terem participado, e tivemos as seguintes respostas:

Fernada Lermen “a vivência foi para mim um momento de muito aprendizado, partilha, alegria, confiança e parceria. Conhecer novas pessoas, aprender novas coisas e ensinar também. Ver todo mundo perguntando, querendo aprender e ensinar o que sabe, é incrível a sensação. Aprender uns com os outros é o que torna a vivência ainda melhor. Só tenho a agradecer a cada um que participou e contribuiu, que venham mais vivências assim! ”

Jefferson Silva dos Santos, de 25 anos da Comunidade Cavalhada, município de Flores disse que: “para mim foi um momento novo e diferente, mas foi uma boa experiência, aprendi sobre as plantas e também coisas que a gente já sabia mas fazia o manejo incorreto e agora vamos fazer corretamente. Eu destaco o planejamento pois quem chega e vê a agrofloresta de primeira, pensa que é uma bagunça tudo misturado, mas na verdade tudo foi pensado e planejado antes, cada planta, o lugar, a função, posição do sol e também as plantas de serviço, para fazer cobertura do solo”.

“Eu me chamo Elisabete, tenho 23 anos e moro no Sítio Poço Grande, município de Flores/PE. A vivência com a família Lermen além de ser muito importante foi produtiva, aprendemos tanto na teoria com na prática a construir uma agrofloresta e como ela funciona, participar foi muito legal, cheio de aprendizado e novas amizades. Irei levar comigo os ensinamentos e colocarei tudo que aprendi em prática na minha propriedade e comunidade”.

Comissão de Jovens Multiplicadores/as da Agroecologia (CJMA)

O jovem Sadraque Lima de Paula de 18 anos, residente no Quilombo de Demanda, município de Rio Formoso/PE disse: “foi impotente para mim a parte do capim, porque lá na minha cidade a gente deixa o gado comer todo o capim até ficar no chão e agora aprendi que tenho que deixar o capim um palmo no chão”.

E a jovem Rosiele Silva de Paula de 14 anos, da comunidade Quilombola de Demanda, município de Rio Formoso disse: “eu estou em uma situação que quero cada vez mais aprender coisas novas sobre as florestas, colheitas, manejo e etc. E também estou estudando em uma escola técnica e cursando técnico em Agropecuária. Por isso, para mim essa vivência foi muito importante para aprender mais sobre agrofloresta e o meio ambiente. Este estágio vai ajudar bastante na minha profissão pois tem coisas que eu não sabia, aprendi o quanto é importante a pessoa ter ou criar sua própria agroflorestal.  Vi que posso produzir no meu SAF, fazer vários tipos de doces, bebidas remédios e comercializar esses produtos em feiras agroecológicas gerando renda para mim e para minha família”.

E Vilmar, um dos grandes facilitadores deste momento diz que: Che Guevara certa vez disse que quando o extraordinário se tornar cotidiano, aí é a revolução. Então, a Agrofloresta não pode ser extraordinária, ela precisa ser cotidiana, vivenciada de corpo e alma e no dia a dia com prazer interno”. E afirma que ela (a Agrofloresta) “é igual a namorar, só se aprende fazendo”.

Participaram ao todo deste Estágio 10 jovens, sendo 6 mulheres e 4 homens da Zona da Mata Sul e Sertão do Pajeú. Em julho, mais 10 jovens do Sertão irão poder participar desta ação.

Que bom ter você por aqui…

Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *