Basta de agrotóxicos! Por saúde, justiça social e agroecologia.

Pedro Albuquerque
Sanitarista e mestre em saúde pública pelo Instituto Ageu Magalhães, Fiocruz-PE

Ricardo Araújo / Acervo Centro Sabiá

Quando pensamos em agrotóxicos, o que vem na mente? Perigo e veneno devem ser as primeiras coisas. Apesar de os defensores do agronegócio chamarem de “defensivo agrícola”, agrotóxico é veneno e não tem outro nome para veneno. Tanto é que os primeiros agrotóxicos foram produzidos para usar na segunda guerra mundial, como arma química para matar pessoas. Aí as empresas viram que poderiam usar também para matar lagartas, formigas e plantas indesejadas.

Mas como pode ser seguro colocar veneno na comida da gente? Os cientistas do agronegócio inventaram um jeito para esse absurdo. São feitos estudos em ratos de laboratório onde é dado o agrotóxico ao animal e observa-se qual dose fez eles adoecerem. Depois disso é definida a “dose segura” para humanos. Nós somos diferentes de ratos, não é mesmo? E cada pessoa é um organismo. É diferente adulto de criança, homem de mulher, mas nada disso é considerado. Veja o exemplo do cigarro, tem gente que fuma a vida toda e só vai ter problema depois de muitos anos, já tem outras pessoas que só de morar na mesma casa da pessoa que fuma já adoece. Por isso, não dá para dizer que existe dose segura para veneno.

O resultado disso é que temos mais de 400 tipos de agrotóxicos que provocam mais de 10.000 casos de intoxicações todos os anos.

E essa quantidade de gente é só uma pequena parte do real. É comum chegar no posto de saúde ou no hospital e os profissionais da saúde nem perguntam se a pessoa trabalha com veneno. Trata a doença causada pelo veneno e acaba nem registrando.

Muita gente não sabe, mas, além desse mal-estar logo após a aplicação, os agrotóxicos podem causar, depois de muitos anos, problemas digestivos como gastrite, problemas de pele, no equilíbrio dos hormônios, câncer, ansiedade, depressão, mal de Parkinson e diversos outros. Além da saúde humana, os venenos contaminam a água, o solo e os animais. Alguns venenos usados no Brasil e proibidos em outros países provocam a morte de abelhas, peixes e outros pequenos animais muito importantes para o equilíbrio ecológico. Se é ruim em outros países, não devemos usar aqui às custas da saúde do nosso povo e do ambiente.

Por isso, é importante fortalecer a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, iniciativa de diversos movimentos sociais populares, pessoas e instituições. As principais bandeiras desta campanha hoje são: pressionar a Câmara para colocar em discussão e aprovar a PNARA (Política Nacional de Redução de Agrotóxicos); melhorar o SUS (Sistema Único de Saúde), com participação social e financiamento adequado; construir plataformas de governo e eleger deputadas e deputados que se comprometam com as bandeiras da campanha; incentivar a criação de leis estaduais e municipais para reduzir o uso de agrotóxicos e promover sistemas agroecológicos.

Precisamos fortalecer nossa organização e caminhar para outro modo de produção, outro modo de vida, com saúde, justiça social e agroecologia!

Apoie a campanha #VenenoéFeitoParaMatar
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Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

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