Seminário de Agricultura Urbana reúne mais de 50 agricultoras da Região Metropolitana do Recife
Maria Menezes
Estagiária de Comunicação do Centro Sabiá
O Seminário de Encerramento do Projeto “Agricultura Urbana – Produzindo Comida de Verdade e Gerando Qualidade de Vida”, realizado pelo Centro Sabiá em parceria com a ONG Fase e a Casa da Mulher do Nordeste, aconteceu na última terça e quarta-feira, em conjunto com o 4º Encontro de Mulheres da Agricultura Urbana da Região Metropolitana do Recife- RMR, em parceria com a Articulação de Agroecologia e Agricultura Urbana e Periurbana da RMR, e reuniu cerca de 55 mulheres.
O projeto começou a ser planejado em 2021 e foi aprovado através do Termo de Fomento Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento- SICONV N 909893/2021, inicando suas atividades em julho do ano passado. A iniciativa atendeu diretamente 280 pessoas, sendo mais de 80% mulheres, e 36% de mulheres negras, em 15 municípios da Região Metropolitana, com 12 comunidades atendidas entre hortas e quintais produtivos.
O foco do projeto é fazer com que as famílias produzam seus próprios alimentos em terrenos das comunidades que antes não tinham utilização, onde foram fortalecidas(as que ja existiam) e criadas as Hortas Comunitárias e em seus próprios quintais. Além de aprender as práticas de agricultura agroecológica no dia a dia, as beneficiadas do projeto participaram de um processo educacional sobre hábitos alimentare e incidência política em diversos encontros para troca de experiências e vivências umas com as outras, os encontros tiveram temas diversos, desde medicina popular e tradicional ao beneficiamento da produção para comercialização de produtos.
No Seminário, além da culminância de encerramento, aconteceu o 4° Encontro de Mulheres da Agricultura Urbana da Região Metropolitana do Recife. Estavam presentes cerca de 11 organizações e coletivos que trabalham com agricultura na cidade. O primeiro dia começou com a Feira de Troca de Saberes e Sabores, em que todas as agricultoras puderam levar produtos, plantas e ervas que produziram, entre outros, como bazar de roupas e ecobags. Em seguida, as mulheres puderam verificar, junto às técnicas e coordenadoras do projeto, os resultados obtidos, além de compartilhar suas avaliações da trajetória até aqui.
“Hoje eu me sinto uma agricultora, pois em um beco, com essas mãos aqui, com tudo que aprendi com as mulheres desse projeto. São hortas criadas nas favelas, nos becos, na comunidade, isso é maravilhoso! Isso nos fortalece,nós podemos comer um alimento sem agrotóxico, isso é maravilhoso.” Conta Marleide, de 51 anos, moradora do bairro de Dois Unidos, na Zona Norte do Recife. Marleide é uma das agricultoras que construiu um quintal produtivo em casa.
Aniérica Almeida, Coordenadora Técnico-Pedagógica do Centro Sabiá, avalia que o projeto foi essencial para ampliação da agricultura urbana na RMR. “São 15 comunidades que foram beneficiadas nesses 12 meses, todas muito diferentes entre si e com características únicas. E conseguimos provar na prática o quanto é importante praticar agricultura na cidade como uma forma de resistência.”
Simone Arimatéia, assessora para agricultura urbana do Sabiá, complementa a fala de Anérica e destaca o espaço de acolhimento que se formou ao longo desse um ano. “A maioria das mulheres são mais velhas, com muitas responsabilidades, filhos, netos, parentes que precisam de cuidado, e aqui, nesse grupo, com o trabalho na terra, encontraram um acolhimento.”
No segundo dia de encontro, a manhã foi dedicada para uma grande roda de diálogo sobre agroecologia, segurança alimentar e nutricional e incidência política. Solô Paiva, socióloga e especialista em vigilância em saúde, conversou com as mulheres sobre os temas, especialmente sobre a temática da segurança alimenta e nutricional, algo que foi amplamente trazido durante as atividades diárias do projeto.
No período da tarde, foi avaliado o Plano de Agricultura Urbana e Periurbana Agroecológica e Pesca Artesanal Urbana para a Segurança Alimentar na RMR, que havia sido produzido no caráter de carta-compromisso nas últimas eleições. O momento foi de validação das questões trazidas pelas mulheres que vivem a agricultura urbana no dia a dia, a fim de que esses pontos fossem adicionados ao plano. Foram citados formação sobre uso medicinal da cannabis, acesso à água e a terra e melhor mapeamento dos territórios. Os dados obtidos serão incorporados ao documento, que será reformulado e reapresentado em momentos de articulação política, como por exemplo, as próximas eleições municipais de 2024.
O encontro se encerra provando que combater a fome na cidade através da agricultura urbana agroecológica é possível. Com educação popular, empoderamento feminino e boas práticas de agricultura, diversas mulheres puderam tranformar sua relação com a terra e com a alimentação. O projeto está em sua fase final, mas o trabalho com as hortas populares e quintais produtivos continua. Você pode fazer parte dessa transformação contribuindo com o trabalho do Centro Sabiá, clique aqui e saiba como doar.
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