Pulverização aérea de agrotóxicos é tema de audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco

A contaminação do solo e dos alimentos e o consequente impacto na saúde das pessoas serão alguns dos tópicos abordados

Foto: Ricardo Araújo / Acervo Centro Sabiá

Os impactos da pulverização aérea de agrotóxicos em Pernambuco é tema de uma audiência pública realizada pela Comissão de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), presidida pelo deputado Doriel Barros, juntamente com os mandatos de Dani Portela (PSOL), João Paulo e Rosa Amorim (PT). A atividade será na próxima terça-feira (27/02).

O evento é uma parceria com a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA/PE) FETAPE, Casa da Mulher do Nordeste, Centro Sabiá, Comissão Pastoral da Terra (CPT), com apoio da organização alemã Misereor.

O objetivo da audiência é debater a atual situação da legislação da pulverização aérea no estado, diante dos fortes impactos na saúde das pessoas e na contaminação dos alimentos e do meio ambiente.

Segundo nota técnica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a aplicação aérea é um método de baixa eficácia, já que não há garantia de sucesso na pulverização por causa das altas taxas de perda dos produtos durante o processo. Estima-se que haja um desperdício de 34,5% a 99,98% de agrotóxicos por essa prática, ocorrendo desvio da trajetória inicial.

“A principal questão que precisamos discutir é que a pulverização aérea acaba contaminando áreas que não estavam inicialmente previstas, a chamada deriva. Estudos mostram que a dispersão pode ocorrer numa distância de até mil metros do alvo, ou seja, pode atingir escolas, populações, moradias. A maior gravidade é porque a gente não tem o controle sobre o vento e o vento leva o veneno para todos os lugares”, alerta Idê Gurgel, médica pesquisadora de Saúde Pública da Fiocruz, que é uma das expositoras da Audiência.

No Nordeste, o Ceará foi o primeiro estado a abolir a prática de pulverização aérea, em 2019, em decisão posteriormente validada de forma unânime pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2020 – a Lei Zé Maria do Tomé (Lei 16.820/2019). Pernambuco é o terceiro estado com mais mortes por contaminação de agrotóxicos no Brasil, que se tornou o maior consumidor desse tipo de veneno no mundo. Em números absolutos, Recife foi a cidade com o maior número de casos de intoxicação, com 938 notificações entre 2019 e 2022.

“A grande expectativa com a audiência pública é que a gente consiga avançar nessa discussão para conseguirmos sensibilizar os deputados e a população da necessidade de se instituir uma lei semelhante em Pernambuco para proteger a vida”, pontua a médica pesquisadora.

Na audiência pública, estarão presentes representantes dos governos federal e estadual, pesquisadores e representantes do movimento sindical e dos movimentos sociais e organizações do campo. Agricultoras e agricultores urbanas rurais, estudantes e militantes do movimento agroecológico também serão ouvidos.

Serviço:
Audiência Pública: Veneno no Céu é Veneno na Terra – não à pulverização aérea de agrotóxicos

Quando: 27 de fevereiro, às 9h30

Onde: Auditório Ênio Guerra, Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe)

Que bom ter você por aqui…

Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

Compartilhe

Um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *