Sertão do Pajeú recebe o Intercâmbio Latino-americano de Soluções Climáticas nos Semiáridos

Por Letícia Maria e Valdirene Alves, jovens multiplicadoras da agroecologia

Entre os dias 29 de outubro e 01 de novembro, a cidade de Triunfo, no sertão do Pajeú, recebeu o Intercâmbio Latino-americano de Soluções Climáticas nos Semiáridos.

No primeiro dia, visitamos a família de seu Antônio Queiroz e dona Raimunda da Silva, na comunidade do Enjeitado. Seu Antônio contou resgatou a linha do tempo da sua primeira agrofloresta, implantada em 1996 para a recuperação das margens do Rio Pajeú, que passa na sua propiedade. O agricultor também mostrou a diversidade de plantas que há no seu sistema e as tecnologias de convivência com o Semiárido que possui, como a cisterna de primeira água, a cisterna de segunda água e o Reuso de Águas Cinzas no Sistema Agroflorestal (RAC/SAF), instalado em 2021.

Pela tarde, visitamos a comunidade Santa Rita, de dona Nazilda Barbosa e Felícia Panta, onde são produzidos vinhos, licores e geleias artesanais. Nazilda falou sobre sua trajetória de luta e superação junto com sua filha Felícia, sendo mãe solo e integrante do movimento social há 5 anos. Foi na fabricação de vinhos artesanais que viu a saída para tratar sua depressão.

Já Felícia optou por cursar a faculdade de Biologia a fim de aprimorar as bebidas fermentadas produzidas por sua família. Essa pesquisa foi, inclusive, tema do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e de uma oficina ministrada para a Comissão dos Jovens Multiplicadores da Agroecologia (CJMA), grupo do qual é integrante. Hoje, os vinhos da Artesanais Santa Rita são uma referência na região, além de rota turística no Bico do Papagaio.

No dia 30, conhecemos a vivência agroecológica do ecossistema de seu Antônio Sabino e dona Geffecy Nunes na Comunidade São Bento, em Santa Cruz da baixa Verde. Iniciamos com uma dinamica de acolhida, refletindo sobre qual é o nosso lugar na terra. Em seguida, seu Antônio falou sobre como ingressou na agroecologia e implementou sua agrofloresta. O agricultor também nos levou para conhecê-la e explicou sobre os espaçamentos e as plantas de salto alto, médio e baixo, bem como sua variedade de plantas nativas e o cuidado com os burros, que possuem dias de trabalhos e de descanso intercalados. Por último, fizemos a colheita de sementes.

Pela tarde, conhecemos a área de fruteiras medicinais e plantas forrageiras. Além disso, vimos o sistema onde não é usado água, pois as palmas, bananeiras e truteiras têm a função de ajudar as plantas no período de seca.

No dia 31, retornamos para a propriedade de seu Antônio, onde fizemos uma prática de forragem com milho sordo, capim e cana de açúcar, a fim de estocar para os animais. Depois, fizemos algumas mudas das sementes que foram colhidas no dia anterior. Durante a tarde, dona Geffecy mostrou a diversidade de plantas medicinais que há na propriedade e ensinou a maneira correta de estocar as ervas. Encerramos o dia com uma avaliação desses dois dias de acompanhamento de sistema agroflorestal.

No primeiro dia de novembro, visitamos a Feira da Agricultura Familiar de Triunfo, e conhecemos um pouco do seu funcionamento e organização, quais são os produtos vendidos e os dias em que a feira acontece. Para encerrar a passagem dos intercambistas pelo Sertão do Pajeú, trocamos sementes.

Que bom ter você por aqui…

Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

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