Seminário promovido pelo Centro Sabiá debate desigualdades de gênero no acesso às políticas públicas

Linha do tempo construída por agricultoras joga luz sobre direitos negados

Por Darliton Silva

O Seminário Estadual sobre as Desigualdades no Acesso das Mulheres às Políticas Públicas, realizado nesta terça-feira (12), na Câmara Municipal de Cumaru, destacou a trajetória das mudanças nos sistemas agroalimentares do município, com olhar especial para a agricultura familiar. O evento também evidenciou como as desigualdades de gênero impactam o acesso das mulheres às políticas públicas e ao desenvolvimento das práticas agroalimentares locais.

A atividade contou com a participação de 40 mulheres das cidades de Cumaru, Caruaru e Bezerros, além das representantes do Serviço de Tecnologia Alternativa (SERTA) e do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE), que são organizações parceiras do Centro Sabiá. Estiveram presentes também a prefeita de Cumaru, Mariana Medeiros, a secretária de assistência social, Andressa Ferreira, a secretária da mulher, Elizabete Monteiro, e o secretário de agricultura, Rogério Jerônimo.

Ao analisar a linha do tempo construída pelas agricultoras, fica evidente que a agricultura familiar em Cumaru passa por um momento importante de transição, que traz desafios e oportunidades para o futuro. Entre as principais oportunidades, destaca-se o potencial para fortalecer a segurança alimentar e nutricional através de práticas sustentáveis e inovadoras, onde se possa promover alimentos saudáveis e diversificados. Além disso, há espaço para uma maior valorização da produção local, que pode estimular mercados internos e fomentar a economia da região.

De acordo com a prefeita de Cumuru, Mariana Medeiros, a agricultura familiar é de fundamental importância para a cidade, tendo em vista que é onde se planta, se cria animais, se produz alimentos e a economia cresce. “Nosso município tem uma responsabilidade grande com as agricultoras e agricultores”, disse Medeiros.

Esses avanços só serão possíveis se houver um enfrentamento consistente dos desafios que ainda permeiam a trajetória das agricultoras e agricultores familiares, especialmente as mulheres. Barreiras como o acesso limitado a créditos, tecnologias sociais para convivência com Semiárido e assistência técnica continuam sendo entraves. As desigualdades de gênero se refletem na sobrecarga de trabalho, falta de reconhecimento do papel feminino no campo e dificuldade para participação em espaços de tomada de decisão.

Segundo Juliana Peixoto, coordenadora Territorial do Centro Sabiá, a ideia do seminário é construir um documento que aponte quais são as questões mais urgentes e importantes para a agricultura familiar que dialoguem com os sistemas produtivos e com as políticas públicas voltadas para as mulheres. “A partir desse documento, as agricultoras têm como dialogar melhor em espaços de articulação política”, afirmou Peixoto.

Para alcançar um futuro digno, é importante que políticas públicas específicas sejam implementadas de maneira eficaz, levando em conta a equidade de gênero e promovendo capacitação, acesso a recursos financeiros e empoderamento das mulheres no contexto rural. O fortalecimento dessas ações será fundamental para um sistema agroalimentar mais justo e inclusivo, que ofereça alimentos acessíveis e de qualidade para toda a comunidade.

O Seminário Estadual sobre as Desigualdades no Acesso das Mulheres às Políticas é uma realização do Centro Sabiá e conta com a parceria da ANATER – Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural e da Rede ATER Nordeste de Agroecologia.