A Mata Atlântica de Pernambuco e suas frutas – Experiência da Comunidade Engenho Conceição 

Por Edgar Caliento, técnico do Centro Sabiá na Zona da Mata Sul

No dia 27 de maio, é comemorado o Dia Nacional da Mata Atlântica, como forma de chamar atenção e preservar um bioma muito importante, conhecido pela rica biodiversidade, seja na flora e fauna, nas nascentes e frutas diversas e comestíveis. 

Certo que há desmatamentos e fragmentação da floresta ao longo da história do Brasil, principalmente em Pernambuco, onde a monocultura da cana de açúcar se faz presente na Mata Norte e Mata Sul do estado. Apesar de haver 91 Unidades de Conservação, o estado detém apenas 13% de sua cobertura original.

Neste contexto, são necessárias ações para reflorestar e utilizar a Mata de forma mais racional, com envolvimento da população e poder público. Interessante seria reflorestar e gerar renda, equilibrando fatores importantes para frear o desmatamento, compreendendo a floresta como necessária e imprescindível para a prosperidade social e ambiental. Produzir comida sem venenos e adubos químicos, com a mata em pé tem grande relevância e é um imenso desafio.

Desta forma, destacamos uma ação exitosa. Em abril de 2025, o Centro Sabiá realizou a reinauguração da Unidade de Beneficiamento (UB) de Polpas de Frutas Maria Zulmira de Freitas, na comunidade do Engenho Conceição, zona rural de Sirinhaém. Foram feitas reformas na estrutura, compra de equipamentos, como câmara fria e embaladora semi automática, assim como construção e atualização do plano de negócios, capacitações, tudo para conseguirmos o registro de funcionamento, garantido uma comercialização dentro da legislação nacional vigente. Estamos nos processos finais para atingir este objetivo.

A unidade está localizada na Zona da Mata Sul do estado, e também próximo aos Sistemas Agroflorestais da família Freitas e comunidade, estes, responsáveis por produzir e abastecer com diversas frutas a UB. A importância desta ação se dá na perspectiva do aumento da geração de renda para toda a comunidade, em especial, ao acessar, com a produção das polpas de frutas, as políticas públicas de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)

A comunidade do Engenho Conceição convive com estes recortes de matas, rodeado da monocultura da cana de açúcar, na maioria das áreas e algumas Agroflorestas com idade de aproximadamente 30 anos. 

Estas Matas e também as Agroflorestas contém uma rica diversidade de frutos nativos comestíveis, mas destacamos a pitanga, o maracujá, o araçá e o cajá. Estas frutas, acrescentadas da graviola, manga e a goiaba, são usadas na UB, gerando renda e estimulando as populações a investir nas Agroflorestas, em manejos agroecológicos e na manutenção da Mata Atlântica, com usos resilientes.