Agrofloresta: floresta de alimentos

Por Sara Brito (Centro Sabiá)

A organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) já afirmou que a Agrofloresta é crucial para assegurar a segurança alimentar no futuro, destacando que ela pode ajudar milhões de pessoas a sair da pobreza e diminuir a degradação ambiental. A produção de alimentos na Agrofloresta está diretamente ligada à segurança e soberania alimentar da população e das próprias famílias agricultoras, pois permite uma dieta diversificada com produtos de boa qualidade nutricional e isentos de agrotóxicos.  

“As Agroflorestas são fundamentais para a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras. Elas podem escolher o que vão plantar para depois comer. Esses sistemas de policultivos, aliados à criação animal, são muito importantes. Se costuma dizer que quem vai numa Agrofloresta nunca volta de mãos abanando”, diz Carlos Magno, coordenador local do Centro Sabiá no Agreste.   

Aliando o plantio de várias espécies diferentes na mesma área, a Agrofloresta pode ser desenvolvida em vários climas diferentes, pois acolhe as espécies nativas, e está presente no mundo todo. Em Pernambuco, o Centro Sabiá assessora ao todo 1.001 famílias agricultoras que trabalham com Agroflorestas na Zona da Mata, no Agreste e no Sertão do Pajeú. “A diferença básica das Agroflorestas da Zona da Mata para o Agreste e o Sertão é o bioma; a Mata tem uma produção de biomassa maior. No Agreste tem muita criação animal e tem muita produção de alimentos para os animais, que fazem parte do sistema produtivo dos/as agricultores/as. Mas isso não quer dizer que lá também não se tenha uma grande diversidade de alimentos na Agrofloresta”, explica Carlos. 

Prova disso é a Agrofloresta bastante diversificada de Vanuza Gomes, do Sítio Feijão II, no município de Bom Jardim, Agreste de Pernambuco. Segundo ela, o foco da produção é o consumo, mas os produtos são tantos que sua família ainda comercializa o excedente no Espaço Agroecológico de Santo Amaro, bairro do Recife. 

Há 15 anos Vanuza optou pela Agrofloresta, mas se mudou e cultiva sua área atual há 6 anos, de onde tira uma enorme variedade de frutas (laranja bahia e comum, jerimum, sapoti, acerola, limão, banana, maracujá), macaxeira, feijão, fava, milho. “Eu tenho alimentos o ano inteiro por causa da Agrofloresta. Ela é muito importante para a sustentabilidade da minha família. Além da questão do meio ambiente, que a gente não desmata, não usa veneno”, explica ela. A preservação traz com ela várias surpresas da natureza. Vanuza diz que vê passarinhos na Agrofloresta, que nunca tinha visto antes (“só na feira, presos”), além de tejus, camaleões, saguis, coelhos.

Vanuza ainda cria porcos e galinhas e tem uma horta onde produz quiabo, tomate, coentro, cebolinha, beterraba, rúcula, rabanete, couve. “Eu compro fora só o que não tem. Um dia desses pensei em ir na feira aí fui ver o que não tinha em casa, tinha várias qualidades de frutas. Já não precisei comprar”, conta. E numa família de 7 pessoas (contando seu esposo e os 5 filhos/as), dá para alimentar todo mundo com essa produção? “Oxe, dá e sobra! Lá em casa cachos e cachos de banana se perderiam, se eu não desse aos vizinhos e vendesse no Espaço Agroecológico”, celebra Vanuza.      

Conheça mais sobre os Sistemas Agroflorestais, assista ao vídeo do CETRA (Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador), organização do Ceará, sobre a Agrofloresta:

Sistema Agroflorestal – SAF  – Projeto Florestação from CLAREAR Imagens on Vimeo.

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