Defesa dos biomas é tema da Campanha da Fraternidade
Padre Josenildo Nunes (à direita) e Dom Egídio Bisol (à esquerda) em evento da Campanha da
Fraternidade 2017, na diocese de Afogados da Ingazeira, Sertão pernambucano. | Foto: Tito Barbosa
Por Marina Moura (Centro Sabiá)
A Campanha da Fraternidade 2017, iniciativa anual promovida pela Igreja Católica, tem como temática “Fraternidade: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida”. A CF 2017 foi inaugurada em todo o país no último 1º de março, na Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), e estabeleceu os seguintes objetivos: enfatizar a diversidade de cada um dos seis biomas do Brasil (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal), defender todas as formas de vida que se manifestam nesses ecossistemas e cobrar das autoridades públicas comprometimento com a ecologia. Em mensagem destinada à campanha, o Papa Francisco reconheceu a relevância da escolha do tema e observou que “as degradações do ambiente são sempre acompanhadas pelas injustiças sociais”.
Caracterizados por serem espaços de uniformidade climática, vegetação similar e formação socioambiental comum, os biomas do Brasil sofrem atualmente com problemas como desmatamento e poluição de seus rios, apontados no texto da CF como consequência da “falta de consciência ecológica e falta de ética em ações práticas”. O Padre Josenildo Nunes, da paróquia de Serra Talhada, no sertão pernambucano, considerou a importância da campanha por entender que “não estamos tendo uma postura adequada, um bom relacionamento com a natureza”.
Engajado há 23 anos em assessorar agricultores e agricultoras na promoção e preservação de agroflorestas, o Centro Sabiá apoia a causa da Campanha da Fraternidade e desenvolve ações especificamente em áreas de Caatinga e Mata Atlântica, no estado de Pernambuco.
Maria Cristina Aureliano, coordenadora técnico-pedagógica da organização, aponta de que maneira o Sabiá auxilia na defesa desses biomas: “No sistema de produção agroflorestal, a gente busca associar plantas de ciclo curto com plantas frutíferas e nativas. Então só esse ambiente já promove, em certa medida, a recuperação e manutenção do bioma. É um sistema de produção o que protege o solo porque ele não realiza queimada, e sempre que faz uma poda ou retirada, deixa esse material sobre o solo, conservando-o e protegendo-o”.
O bioma da Caatinga é o único exclusivamente brasileiro e considerado o mais frágil deles. “Trata-se de um clima rico em vida inteligente, adaptada ao clima semiárido, no entanto é onde mais se tem preconceitos e estigmas”, como consta no documento da CF. Um dos desafios para a preservação da Caatinga é promover a biodiversidade, ações estimuladas pelo Centro Sabiá quando, por exemplo, “cria espaços de trocas de sementes entre agricultores e agricultoras”, assinala Maria Cristina.
Dados da Fundação SOS Mata Altântica indicam que este bioma, presenta em 17 estados da federação, possui apenas 12% de sua cobertura original. Apesar de entraves como o desmatamento e o cultivo de monocultura ainda serem uma realidade, o fato é que a agricultura agroflorestal tem restaurado e dado esperança à manutenção e conservação da Mata Atlântica. A coordenadora do Sabiá avalia que a organização se alinha à CF na medida em que “tem estimulado a troca e, em consequência, a biodiversidade, a variedade entre as plantas, nesse campo de formação e multiplicação”.
Tradicionalmente, a Campanha da Fraternidade se encerre no último dia da Quaresma – nesta edição, será no dia 15 de abril –, um período que “representa a passagem da morte para a vida”, nas palavras do Pe. Josenildo. A despeito disso, e da necessidade passar por essa data “não apenas de modo teórico”, como afirma o religioso, a a ideia é que a iniciativa se estenda até o final do ano, com palestras, simpósios, seminários e visitas às comunidades e entidades sociais para conscientizar acerca da preservação do meio ambiente.
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