Grupo de Consumo Responsável e Agroecológico
Por Davi Fantuzzi (Centro Sabiá)
A cada dia, mais e mais pessoas tomam consciência sobre os limites e contradições do nosso atual sistema agroalimentar, embasado na produção em larga escala de alimentos envenenados, ultra processados e que concentra sua distribuição na mão de poucas multinacionais gigantescas como a Rede Wal-Mart e o Carrefour que juntas possuem mais de 20 mil lojas espalhadas pelo mundo.
Espaço Agroecologico de Boa Viagem – Foto: Ana Lira
Um sistema agroalimentar altamente dependente de combustíveis fósseis na produção e transporte, onde o alimento geralmente viaja de 2400 a 4800 quilômetros para chegar à mesa de quem vai consumi-lo, que desperdiça anualmente um terço de todo o alimento produzido. E, ainda por cima, é incapaz de prover alimentos de forma satisfatória a um sétimo da população mundial que possui no mínimo algo de muito equivocado em sua essência. Mudar isso não é fácil e nem simples, uma vez que questões tão complexas precisam de respostas complexas. Mas, é a partir de dados como esses que algumas pessoas têm buscado acessar e se inserir em iniciativas que as aproximem dos produtores e fortaleçam os chamados circuitos de proximidade ou circuitos curtos de comercialização, que envolvem iniciativas como as feiras agroecológicas e grupos de compra coletiva.
No Recife, existe um grupo formado por pessoas do campo e da cidade que vem se reunindo regularmente desde o mês de maio no Museu da Abolição. Equipamento público que recebe de braços abertos exposições que remetem a cultura afro-brasileira, para construir mais uma dessas iniciativas de comércio justo e solidário.
O coletivo em questão está construindo uma nova estratégia de acesso a alimentos livres de veneno, a um preço justo para consumidores e produtores, sem a presença dos históricos atravessadores. Trata-se do Grupo de Consumo Responsável que nasce no âmbito da Rede Espaço Agroecológico. Rede essa que é formada por organizações de agricultores/as que há 20 anos constrói feiras agroecológicas no estado de Pernambuco.
Por enquanto, o coletivo ainda não encontrou um nome poético para definir sua ação, denominando-se apenas de GCR, sigla que abrevia o termo “Grupo de Consumo Responsável”. Mas os sonhos almejados pelo grupo já começam a virar realidade. Em novembro, uma parte do grupo, deu início ao primeiro acesso a alimentos e produtos fitoterápicos. Para isso, o grupo tem usado uma plataforma virtual provisória, onde seus membros recebem a informação do que os produtores estão disponibilizando na semana e definem em cima dessa oferta seus pedidos. Após isso, basta o próprio membro do grupo, ou alguém encaminhado por ele passar no espaço físico que os/as agricultores/as locaram para a logística dessas entregas e pegar sua encomenda.
Se você se interessou em fazer parte dessa iniciativa, venha construir com os/as agricultores/as e consumidores/as essa que é mais uma alternativa de acesso a alimentos limpos de forma que valoriza o trabalho dos produtores.
Se consumir é um ato político, que sejamos todos sujeitos desse momento histórico, onde nossas ações coletivas fazem muita diferença.
Informações pelos fones: (81) 3223.7026/996159680 – falar com Davi Fantuzzi
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