Fogo na Caatinga – da faísca a tragédia

Por Rivaneide Almeida

Foto: Aparecida Silva

 

Todo ano a mesma cena: incêndios devastando áreas preciosas para as populações sertanejas. Árvores que antes protegiam nascentes e margens de riachos viram cinzas em minutos, como resultado da irresponsabilidade ao se fazer uma broca, queimar o lixo ou, simplesmente, jogar uma ponta de cigarro acesa à margem de uma estrada. A mata naturalmente ressequida pela estiagem da época torna mais fatal ainda a presença de uma pequena, mas devastadora, faísca.

A população aciona o corpo de bombeiros, mas quase nada pode ser feito, pois não há equipamentos apropriados para fazer o combate ao fogo nessa condição ambiental. Além da Caatinga, vegetação natural do semiárido, são queimados roçados de capim, áreas de cana-de-açúcar, frutíferas dos quintais das famílias, animais silvestres ficam encurralados e perdem a vida, residências ficam ameaçadas e precisam de grande esforço da população para serem salvas da destruição completa.

Foto: Alaíde Martins

Foto: Alaíde Martins

 

Essa situação vem se repetindo há muito tempo. Entra ano e sai ano e nenhuma providência é tomada pelos organismos de Estado responsáveis pela proteção ambiental. Neste mês de novembro dezenas de hectares sofreram com queimadas nos municípios de Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde, Sertão do Pajeú,  só para citar dois exemplos. Essa, entretanto, é uma realidade de todo o território. “Muito triste ver a Caatinga e as nascentes sofrerem essa destruição. O Riacho Frazão, onde foi realizado um trabalho de revitalização da mata ciliar, teve sua nascente destruída esse ano”, conta Dona Alaíde Martins, agricultora do sítio Souto, do município de Triunfo.

Agricultores a agricultoras agroecológicas do território utilizam práticas que, além de contribuir para a convivência com o Semiárido, produzindo alimentos saudáveis e gerando renda para as famílias, também são protetoras da natureza. Essas famílias não utilizam queimadas, protegem as matas ciliares e o solo com cobertura morta e plantando espécies adaptadas ao clima da região. São práticas fáceis e acessíveis, mas que precisam de políticas públicas para serem ampliadas e se consolidarem em defesa da vida no Semiárido.

Foto: Alaíde Martins

 

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