Por uma Política Estadual de Agroecologia
Encontro foi fruto da Jornada dos Povos, realizada em 2015, na UFRPE Foto: Eduardo Amorim
Por Eduardo Amorim
Integrante da Coordenação Executiva da Articulação Semiárido Brasileiro e coordenador geral do Centro Sabiá, Alexandre Henrique Pires esteve em reunião com o presidente do IPA, Gabriel Maciel. O encontro foi marcado por interesses mútuos do órgão público e do representante das entidades, que desafiou o Governo do Estado a criar e valorizar uma Política Estadual de Agroecologia.
“O novo nesta área em que atuamos é a agroecologia”, afirmou o presidente do IPA. A Agroecologia se baseia no conhecimento tradicional e acadêmico, e em tempos de destruição dos bens da natureza, é considerado o que há de mais moderno e inovador para o contexto de crise ambiental e das mudanças climáticas. Gabriel Maciel mostrou-se bastante interessado em discutir e apoiar na medida do possível ações de produção Agroecológica e também de Convivência com o Semiárido para famílias agricultoras. A ideia é que nas próximas semanas representantes da sociedade civil, do poder público e da academia se reúnam como uma Comissão para iniciar a criação da Política Estadual de Agroecologia, nos moldes do que foi a elaboração da Política Nacional.
Desde 2013, está em execução o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planaplo), que foi uma demanda da Marcha das Margaridas de 2011. Também já há experiências nos estados trazendo para a ponta e adaptando às realidades de cada região ações previstas no Planaplo. Uma Política Estadual em Pernambuco serviria para articular e implementar programas para possibilitar a transição agroecológica como contribuição para o desenvolvimento sustentável, possibilitando à população a melhoria de qualidade de vida por meio do consumo de alimentos saudáveis e aos agricultores e agricultoras o aumento da renda e melhores condições de trabalho.
O Presidente do IPA explicou que o órgão tem um grupo de trabalho voltado para a agroecologia e que tem iniciado ações para colaborar nesse sentido, mesmo antes da elaboração do Plano Estadual de Agroecologia. Em relação às sementes crioulas, por exemplo, Gabriel Maciel sonha com a implantação de uma área de cultivo, para evitar a perda de um material genético valiosíssimo. Alexandre Pires lembrou que o Programa de Sementes do Semiárido da ASA está implantando em todo o Estado 94 bancos de Sementes Crioulas. Muitas dessas plantas dificilmente são encontradas no comércio tradicional, mas fazem parte da tradição agrícola, gastronômica, cultural e até de saúde da população do campo. Ele lembrou que uma das dificuldades dos agricultores e agricultoras de base agroecológica é encontrar sementes de hortaliças adaptadas ao clima de Pernambuco e sugeriu que o IPA apoie ou realize ações no sentido de facilitar a obtenção dessas sementes pelas famílias camponesas.
Também participaram da reunião o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IPA, Antonio Raimundo, e o diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural, Alberico Rocha. Para este último, uma das ações que devem ser implementadas para aumentar o dinamismo das ações é a criação de uma Rede Estadual de ATER (Assessoria Técnica e Extensão Rural), reunindo o poder público, as empresas e cooperativas e as ONGs que atuam nesta área. Em Pernambuco organizações como o Centro Sabiá, SERTA, CAATINGA e CHAPADA assessoram aproximadamente 6.000 famílias com uma ATER de base Agroecológica.
A criação da rede de ATER e da Política Estadual de Agroecologia podem ocorrer simultaneamente. Agroecologia é uma forma de trabalhar o campo respeitando a natureza, que tem sido bastante valorizada não só pela qualidade incomparável dos seus produtos e pelos bons exemplos de produção, mas também por contribuir para o meio ambiente e no combate às mudanças climáticas . Como demonstrou recentemente a COP21, realizada em Paris, projetos que unam a preservação e a recuperação ambiental à produção de alimentos saudáveis devem estar no foco das atenções de gestores públicos do Brasil e do mundo nos próximos anos. Afinal, está evidente que é uma forma eficiente e viável para diminuir os efeitos das mudanças climáticas.
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