Avaliação e planejamento para construção de ações
Foto: Sara Brito – Acervo Centro Sabiá
Agricultores/as e equipe técnica do Centro Sabiá debatem o contexto, as ações já executadas e os caminhos futuros em Encontros Territoriais
Por Eduardo Amorim e Sara Brito (Centro Sabiá)
Cerca de 50 agricultores e agricultoras se reuniram em Rio Formoso para fazer uma avaliação das ações do Centro Sabiá em 2015 e tentar contribuir com sugestões e a análise para o próximo Planejamento Estratégico Institucional. O encontro, realizado na última segunda-feira (07), é o segundo das três avaliações regionais marcadas para o mês de dezembro; no dia 21 de dezembro acontece a do Sertão.
No Agreste, a avaliação aconteceu na semana passada (dia 03) e contou com a presença de agricultores e agricultoras, jovens, parceiros/as e técnicos/as do Centro Sabiá, pessoas que têm ligação com a gama de ações que a organização desenvolve no território. O encontro teve como objetivo avaliar o último Plano Estratégico Institucional do Centro Sabiá, considerar questões do contexto atual e, assim, propor alguns caminhos que o Sabiá deve trilhar.
Uma das grandes dificuldades enfrentadas no território que foi apontada foi o polo têxtil, de grande significação na região. Foi destacado que o polo é um negócio certo, de lucro, mas com fatores que não compensam, como questões de saúde que vêm com a posição de trabalho, em cima da máquina de costura por até 12h por dia. É uma questão que também trabalha contra a permanência dos jovens no campo, pois os chama para um lucro imediato.
Agricultores falaram do contexto, das ações no território e
construiram propostas / Foto: Sara Brito – Acervo Centro Sabiá
Outra questão colocada pela juventude foi a invisibilidade de suas opiniões e reflexões nos espaços. “Nós jovens não somos vistos como pessoas para dar opinião. Na maioria das vezes somos convidados só para ouvir. Mas nós temos muito a dizer. Acho que isso é um desafio, dar mais visibilidade à juventude. Se nos ouvissem, nós temos muito a dizer,” afirmou Renata Soares, Jovem Multiplicadora de Agroecologia do município de Cumaru.
Os pontos positivos da ação do Centro Sabiá foram apontados pelos presentes, também em diálogo com os projetos que a organização executa. “Depois do intercâmbio do Cisternas nas Escolas eu descobri que eu tinha o solo bom e não sabia. Hoje a gente juntou toda a comunidade escolar, fez uma horta suspensa e já tem coentro, cebolinho e couve; tudo pequenininho ainda, mas está lá”, diz a professora Josefa Maria da Conceição, mais conhecida como Rosa da Jurema, do município de Bom Jardim. A professora foi uma das educadoras que participou das formações em Educação Contextualizada no Semiárido dentro do projeto.
Outra iniciativa muito bem comentada foi a Escola Feminista, com algumas mulheres presentes que participaram da formação feminista em três módulos com agricultoras e técnicas, em parceria com o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste (MMTR/NE). Elas se sentiram empoderadas para se colocar como participantes da escola e até como cultivadoras da semente do feminismo no ano que chega.
Um dos pontos mais debatidos no Encontro Territorial da Zona da Mata também foi justamente a luta feminista. A coordenadora administrativo-financeira do Centro Sabiá, Veronica Batista, destacou positivamente a maioria de mulheres entre os agricultores e agricultoras presentes no Encontro. Na Zona da Mata, como houve uma expansão da atuação do Centro Sabiá, haviam agricultoras e agricultores que estão há poucos anos sendo assessorados e outros que estão em territórios onde o trabalho já é bem estruturado.
A luta feminista foi um dos pontos discutidos no Encontro Territorial na Zona da Mata
/ Foto: Eduardo Amorim-Acervo Centro Sabiá
Em formato semelhante ao do encontro territorial do Agreste, em Rio Formoso além de atividades lúdicas e da atualização de todos com as ações que o Sabiá vem desenvolvendo na região, o debate contou também com momentos de avaliação das ações nas comunidades da Zona da Mata e também atividades planejadas para que os agricultores e agricultoras pudessem sugerir propostas para o Planejamento Estratégico Institucional.
Coordenadora da ONG no território, Ana Santos, destacou entre os resultados alcançados a implantação de 271 sistemas agroflorestais, 194 quintais produtivos e o atendimento a 650 famílias através do edital de assessoria técnica e extensão rural de agroecologia e no total a 900 famílias, além das duas unidades de processamento de polpa, o entreposto de mel e a ampliação do número de feiras agroecológicas na região, recentemente o Sabiá e a Prefeitura de Ipojuca se uniram a um grupo de agricultores para iniciar uma experiência em Porto de Galinhas, por exemplo.
Entre os problemas a serem enfrentados, um dos que foi praticamente unanimidade foi a questão das queimadas, que estão atingindo propriedades em praticamente todas as cidades da região. Também foi muito questionada a necessidade de ações do poder público para punir quem utiliza agrotóxicos indevidamente, em alguns casos inclusive levando veneno a propriedades vizinhas ou até para mananciais de água.
Há oito anos participando de atividades de formação junto ao Centro Sabiá, o jovem Alisson Daividson Freitas, avalia positivamente a participação no Encontro Territorial da Zona da Mata. Morador do Engenho Conceição, ele destaca a oportunidade de dialogar sobre o futuro da instituição e de expor as demandas de cada comunidade.
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