Grito da Terra mobiliza a cidade de Rio Formoso
Agricultores só deixaram Prefeitura de Rio Formoso após garantirem que serão recebidos pelo prefeito Hely Farias
Por Laudenice Oliveira (Centro Sabiá)
Agricultores e agricultoras do Rio Formoso, Zona da Mata Sul de Pernambuco, realizaram o 2º Grito da Terra Municipal nesta quarta-feira, 26. Durante a mobilização, a sede da prefeitura foi ocupada pelos/as trabalhadores/as que não aceitaram a recusa do prefeito Hely Farias de receber a comissão de trabalhadores/as para tratar da pauta de reivindicação apresentada ao gestor no dia 19 de agosto, há 15 dias. As famílias agricultoras reivindicam o cumprimento da lei da Política Nacional da Alimentação Escolar (PNAE), que obriga o município a comprar pelo menos 30% dos produtos da merenda da agricultura familiar, que vem sendo descumprida pelo Governo Municipal. A pauta, entretanto, é bem mais extensa e contempla o campo e a cidade incluindo a ampliação da rede de saneamento básico, criação de creches, valorização e capacitação de professores/as, melhoras na saúde, entre outros temas.
O 2º Grito da Terra Municipal foi organizado pelo Conselho de Desenvolvimento Rural e Sustentável do Município, com o apoio do Sindicato dos/as Trabalhadores/as Rurais de Rio Formoso (STR), a Rede de Agroecologia da Mata Atlântica (RAMA), o Centro Sabiá, a Federação dos trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape) e Associações de Agricultores/as do município. Para o presidente do Conselho de Desenvolvimento, José Augusto da Silva, mais conhecido como Cabeludo, o movimento é necessário, porque a população vem sofrendo com a falta de assistência. “A gente que é trabalhador não tá pensando só no meio rural, porque a dificuldade é para todos. A falta de assistência, de infraestrutura tanto é na cidade como no campo. E o gestor do município não aceita sentar para discutir os problemas e tentar resolvê-los”, explica Cabeludo.
O presidente do STR de Sirinhaém, José Amaro da Rocha, o Dudé, que veio apoiar a mobilização, ressalta a importância da agricultura familiar nessa região tradicionalmente de monocultivo de cana-de-açúcar. “Eu não poderia deixar de trazer o meu apoio e dizer o quanto é importante os governantes apoiarem os agricultores que estão produzindo alimentos livre de agrotóxicos. É emprego, é trabalho, pois as usinas estão fechando e ficando muito trabalhador desempregado”, diz Dudé.
Ocupação – As/os agricultoras/es saíram em passeata pelas principais vias do município, fizeram uma parada na Feira da Agricultura Familiar e Agroecológica de Rio Formoso para comemorar o aniversário de seis anos de fundação da feira. A última parada foi na sede da prefeitura do município onde uma comissão de agricultores/as esperava ser recebida pelo prefeito Hely Farias para tratar da pauta de reivindicação entregue dia 19 passado. A recusa do prefeito em atender a comissão levou o grupo a decidir ocupar a prefeitura até ter uma posição do gestor. A ocupação durou cerca de três horas. O secretário de Agricultura e Políticas Ambientais, José Albino Henrique Filho, sugeriu sentar com o grupo, mas não foi bem sucedido, já que no 1º Grito da Terra Municipal, realizado em 2013, foi o secretário que recebeu e sentou com agricultores e agricultoras e nada foi resolvido até o momento. Devido a resistência do grupo, o prefeito aceitou agendar uma reunião para a próxima quarta-feira, dia 02, no seu gabinete, onde atenderá a comissão representante do 2º Grito da Terra. “Desocupamos, porque o prefeito aceitou sentar com a gente. Vamos esperar até quarta para tratar das nossas reivindicações”, finaliza José Augusto.
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