Monsanto: quem te conhece não te compra!

Alepe 44

Por Eduardo Amorim (Centro Sabiá)

Responsável por alguns dos produtos que mais ameaçam a saúde do povo e a agrobiodiversidade brasileira, a empresa Monsanto teve de responder a graves indagações feitas por representantes de movimentos sociais e acabou sendo desmentida em dois pontos, pelo deputado estadual Rodrigo Novaes e pelo representante do Fórum Pernambucano de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos, Pedro Albuquerque, durante audiência da Comissão de Agricultura na Assembleia Legislativa, realizada nesta terça-feira.

O parlamentar questionou o fato do glifosato ter sido apresentado pela empresa como se estivesse na mesma categoria em relação ao potencial de câncer que outros produtos bastante conhecidos, como o cafezinho. Autor de projeto de lei para proibir o produto em Pernambuco (o glifosato é utilizado por mais de 50 empresas e faz parte da fórmula do RoundUp, produto mais vendido da Monsanto), Rodrigo Novaes lembrou que a classificação pela Anvisa mudou para 2ª e assim o agrotóxico “não está no mesmo hall. Então é preciso que a gente tenha cuidado para fazer o debate no mais alto nível”, pediu.

Gerente de Assuntos Corporativos da Monsanto em Petrolina, Andréa Aragon, foi forçada a admitir que tinha passado uma informação errada para a plateia, formada por agricultores e agricultoras do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape), estudantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), pesquisadores e representantes de diversas entidades da sociedade civil. “Me perdoa o equívoco”, disse ela, defendendo que não houve prioridade para a revisão da classificação do glifosato pela Anvisa nos últimos anos. A tese defendida pela empresa foi reforçada pelo gerente de Relações Governamentais da Monsanto, Pedro Palatinik, que chegou inclusive a afirmar que a Fiocruz não entende que o glifosato seja essa ameaça toda à saúde pública. Antes dele, o representante do MST, Talles Reis, já havia lembrado que existe parecer na Anvisa que está engavetado há sete anos sugerindo o banimento do glifosato.

Representando o Fórum Pernambucano de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos, Pedro Albuquerque, lembrou que a Fiocruz já pediu a reavaliação do glifosato. Professora e autora do Dossiê Abrasco, Lia Giraldo, esteve na Alepe na última quinta-feira em audiência da Comissão de Saúde e fez uma longa apresentação baseada em diversos estudos científicos que apontam os riscos à saúde que podem ser causados pelo agrotóxico e pelo produto como ele é mais comunmente comercializado, o RoundUp. Com isso, ficou evidenciado que a Monsanto não conseguiu nem mesmo iniciar um processo de transparência e a empresa acabou recuando e não anunciou os investimentos que seriam feitos em Petrolina.

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pombos, João de Ronda ficou muito “constrangido” com a defesa feita do glifosato pela empresa. Ele trouxe da sua cidade dois agricultores contaminados pelos produtos da empresa e pediu um posicionamento da Monsanto em relação às intoxicações, mas a empresa se defendeu dizendo que não poderia analisar os casos sem um detalhamento, com a situação ficando para ser resolvida pela Justiça. O projeto de lei 261-2015, que prevê o banimento do glifosato em Pernambuco, está em análise na Comissão de Justiça da Alepe.

Leia o projeto na íntegra:   http://www.alepe.pe.gov.br/proposicao-texto-completo/?docid=DE6E8C6695A0DAEF03257E590064F241


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