A Comunicação é um direito de todos e todas

No primeiro dia do encontro foi priorizada a reflexão e o debate sobre a comunicação como direito humano e o
que a legislação brasileira tem a dizer sobre isso / Foto: Kátia Gonçalves

Por Sara Brito (Centro Sabiá)

Agricultores/as, técnicos/as e comunicadores/as das organizações que compõem a Articulação Semiárido Pernambucano (ASA Pernambuco) participaram, entre os dias 4 e 6 de maio, do Encontro Estadual de Comunicação. Realizado na sede do Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), em Glória de Goitá, o Encontro teve como objetivo debater a Comunicação em toda a sua amplitude e levantar orientações para a construção da Política de Comunicação da ASA Brasil.

No primeiro dia foi priorizada a reflexão e o debate sobre a comunicação como direito humano e o que a legislação brasileira tem a dizer sobre isso. “A gente não vê o direito à comunicação tão contemplado na legislação quanto outros direitos, que já avançaram mais. Mas o interessante é que pelo direito à comunicação passam todos os outros direitos. Por ele a gente consegue violar ou garantir todos os outros direitos”, disse Andrea Trigueiro, professora e membro do Conteúdo de TV e Rádios Universitárias.

Para o Semiárido e qualquer comunidade a importância da Comunicação está na possibilidade da diversidade de vozes, da discussão dos problemas locais, da valorização da cultura local. Daí a importância da democratização da comunicação, para alimentar o desenvolvimento local popular e derrubar padrões e situações historicamente impostas às populações. “A ASA entende a comunicação como um processo. O processo vai gerando pontos de ruptura em um contexto que já estava estabelecido”, disse Alexandre Pires, coordenador executivo da ASA Pernambuco. O jornalista Salatiel Cícero, que faz parte da Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam) também falou da força da Comunicação na Luta por Políticas Públicas. Além das falas duas experiências exitosas em comunicação popular e comunitária foram apresentadas: a do Movimento Ocupe Estelita e a do Grupo Giral.

Presente no Encontro estava a percepção de que quem faz comunicação são todos e todas,
independente de ser comunicador/a ou não / Foto: Kátia Gonçalves

Foram também apresentadas experiências de comunicação de várias organizações que compõem a ASA Pernambuco. “Esse encontro foi maravilhoso. Eu estou levando muito conhecimento para a minha comunidade, para passar para todos lá”, diz Monica de Melo, agricultora do município de Canhotinho, Agreste Meridional.

Presente no Encontro estava a percepção de que quem faz comunicação são todos e todas, independente de ser comunicador/a ou não. “Nós precisamos cada vez mais nos instruir para passar essas informações. Porque não é só o comunicador que divulga as informações. Mas o técnico, o agricultor, a instituição, a sociedade civil como um todo, e nós, técnicas e técnicos, como estamos mais próximos temos uma responsabilidade maior em divulgar todas as ações que acontecem em prol dos agricultores”, afirma Avila Pontes, técnica da Cáritas NE 2.

Ao final, foram debatidas e elaboradas as orientações de Pernambuco para a construção da Política de Comunicação da ASA Brasil, que terá como base a necessidade da democratização da comunicação para o fortalecimento da prática da comunicação popular e comunitária. As orientações serão levadas para o Encontro Regional de Comunicação, previsto para acontecer dentro dos próximos meses, onde participarão além de Pernambuco, Sergipe e Alagoas.