Ocupe Campo-Cidade traz debate da agroecologia para a cidade
Feira agroecológica reuniu agricultores e agricultoras de diversas
partes do estado / Foto: Sara Brito
Por Eduardo Amorim e Sara Brito (Centro Sabiá)
“Quiseram nos enterrar, mas não sabiam que somos sementes”, diz o provérbio mexicano citado no Ocupe Campo-Cidade, no último domingo, no Cais José Estelita, no Recife. O Centro Sabiá se uniu ao Movimento #OcupeEstelita (MOE) e outros movimentos, como o dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para realizar o ato, que tinha como principal objetivos trazer a pauta da agroecologia para dentro da cidade, visibilizar os produtores e produtoras das feiras agroecológicas e mostrar similaridades entre as lutas urbanas e rurais. E dizer para toda a sociedade, e as empreiteiras, e o agronegócio, e os interesses do capital, que não é tão fácil calar pessoas e movimentos quando se mexe com seus direitos.
Milhares de pessoas se encontraram no último dia 12 de abril para debater questões que envolvem o Movimento #OcupeEstelita e grupos que articulam questões ligadas ao meio rural como a Agroecologia e o Direito à Terra. A ideia do Ocupe Campo-Cidade surgiu no planejamento das ações do Centro Sabiá, mas ganhou cara nas conversas com o Movimento Ocupe Estelita e depois recebeu apoios como do MST, do Núcleo de Agroecologia e Campesinato da Universidade Federal Rural de Pernambuco (NAC/UFRPE), do Levante Popular da Juventude, da Pastoral da Juventude Rural (PJR), e da Rede Coque Vive.
Um dos principais objetivos era fazer uma discussão sobre a agroecologia com a população urbana. O ponto principal do evento foi a feira de produtos agroecológicos, que contou com índios Xucurus, assentados do MST e agricultores e agricultoras da Rede Espaço Agroecológico e da feira agroecológica de Dois Irmãos.
Quem esteve no Cais José Estelita nesse domingo também pôde participar de diversas oficinas (de bioconstrução, cordel, plantio de mudas, confecção de mamulengos), instalações artísticas, apresentações em homenagem a Mestres da cultura popular pernambucana, Cine Campo-Cidade, além de outras ações auto-gestionadas de vários movimentos e coletivos.
Foram ministradas várias oficinas, como a de bioconstrução / Foto: Clara Brito
Juruna (Xukuru de Ororubá), Jaime Amorim (MST), Luís (MOE) e Carlos Magno (coordenador local do Centro Sabiá) participaram do momento da aula pública, para explicar um pouco para os presentes as lutas de cada movimento e os pontos de convergência entre eles. “Essa construção harmoniosa em que estamos aqui, com ato político, com feira agroecológica, é fundamental para a discussão de uma sociedade melhor para a população, uma sociedade mais justa e igualitária”, disse Jaime Amorim.
Para Carlos Magno, é necessário aproximar ainda mais o campo e a cidade, para que se crie a consciência das lutas que são travadas nos dois espaços. “A agroecologia também é política, a agroecologia também é movimento. Precisamos entender a importância dos camponeses para a população da cidade. As comunidades do campo são guardiãs de vários elementos: sementes crioulas, água, cultura. Um dos maiores desafios que enfrentamos é diminuir a distância entre o campo e a cidade”, afirmou ele.
Na comunhão de forças foi possível construir no último domingo um espaço de troca de conhecimentos, expressões artísticas, alimentação saudável, saúde e, principalmente, afeto. Afeto entre as pessoas e por uma causa maior, que abraça as diversas lutas do povo. “Nós achamos que o que nos une para as lutas, todos os movimentos que estamos aqui, é amizade e o amor”, resumiu Luis.
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