A luta é uma só

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O Centro Sabiá se uniu ao Movimento Ocupe Estelita e a outros movimentos para dialogar com a sociedade e a comunidade urbana, entendendo que as lutas de trabalhadores/as do campo e da cidade são universais

Por Sara Brito (Centro Sabiá)

As lutas históricas dos trabalhadores e trabalhadoras são universais, elas se repetem tanto no espaço do campo quanto no espaço da cidade. Lutas pelos mais diversos direitos, que vêm sendo negados à população e abocanhados pelo capital. Pensando nessa convergência de pautas e na necessidade de um diálogo mais amplo com a sociedade como um todo, o Centro Sabiá procurou o Movimento Ocupe Estelita (MOE) para a construção do que se tornou o Ocupe Campo-Cidade, marcado para esse domingo (12), a partir das 13h.

A feira agroecológica que acontecerá no evento veio com o objetivo de unir os dois espaços. “A feira no Estelita é uma oportunidade de as pessoas do urbano dialogarem com os agricultores e agricultoras que estão no campo,” pontua Alexandre. Na construção, outros movimentos se uniram para o Ocupe Campo-Cidade como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Núcleo de Agroecologia e Campesinato (NAC/UFRPE), o Levante Popular da Juventude, a Pastoral da Juventude Rural (PJR), e a Rede Coque Vive.

O Centro Sabiá tem sentido a necessidade de aproximar o trabalho dos agricultores e agricultoras das pessoas que vivem na cidade. “O Sabiá tem sido desafiado a incorporar no debate a questão da agricultura urbana e os impactos da alimentação saudável e dos agrotóxicos na população urbana,” explica Alexandre Henrique Pires, coordenador geral da organização. Além disso, Alexandre pontua que desde o III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), que trouxe a pergunta “Por que interessa à sociedade apoiar a agroecologia?”, está colocado o desafio de diálogo com a sociedade. “O ENA desafiou as organizações que compõem a ANA [Articulação Nacional de Agroecologia] a fazer articulações que mostrem na cidade as lutas do campo. E são lutas que, embora pareçam mais naturais do rural têm muito a ver com a vida da cidade,” afirma Alexandre.

A pesquisa Déficit Habitacional Municipal no Brasil 2010, da Fundação João Pinheiro e do Ministério das Cidades afirma que o déficit habitacional no Brasil é de 6.940.691 de habitações; são quase 7 milhões de casas em falta para pessoas tanto do campo quanto da cidade. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, pelo menos 70 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais morrem por ano de intoxicação aguda por agrotóxico nos países em desenvolvimento, e segundo o Instituto Nacional do Câncer, em 2009, cada brasileiro consumiu, em média, 5,2 kg de agrotóxico; ou seja, agrotóxico mata – o solo, as águas, o ar, os alimentos, as pessoas. Trabalhadores e trabalhadoras são submetidas a jornadas de trabalho desumanas, tanto nas plantações de cana-de-açúcar quanto nas obras da construção civil.

O Ocupe Campo-Cidade quer tornar visível para a sociedade e para a cidade que a luta é uma só. A luta na cidade pelo direito ao espaço e à moradia é a mesma do campo pelo direito à terra. Quem necessita de água e alimento na cidade trava a mesma batalha de quem mora no campo e luta por segurança e soberania alimentar. Tudo isso é refletido no que foi o lema do III ENA: “Cuidar da Terra, Alimentar a Saúde e Cultivar o Futuro”. É isso que querem trabalhadores e trabalhadoras, rurais e urbanos, buscando nada mais que seus direitos, por um mundo mais digno e harmonioso.

Se o campo não resiste, a cidade não ocupa!

Veja a programação completa do Ocupe Campo-Cidade aqui

 


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