Projeto prevê construção de 600 bancos de sementes no Semiárido

O Centro Sabiá é uma das organizações que executará o projeto no Agreste de Pernambuco, atendendo 11 municípios

Fazendo seleção das sementesAgricultores fazem seleção de sementes em banco no Agreste pernambucano / Foto: Júlio Valério

Por Sara Brito (Centro Sabiá)

O debate sobre as sementes crioulas – vegetais e animais – perpassa a prática das famílias agricultoras em armazená-las como forma de garantir a vida e a cultura do plantio. Um compromisso que representa a luta e resistência dessas famílias contra o capital do agronegócio, contra os transgênicos. As casas de sementes comunitárias, construídas por agricultores e agricultoras do Semiárido, são importantes para a conservação do patrimônio genético, para a segurança alimentar das famílias e sua autonomia.

É para dar suporte a essa importância das sementes na vida da população do Semiárido que o Programa Sementes irá construir, até 2016, 600 bancos de sementes crioulas no território, beneficiando 12 mil famílias. Para a implantação dos bancos, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) firmou parceria com a Articulação Semiárido (ASA), através da Associação Programa Um Milhão de Cisternas para o Semiárido (AP1MC). O Projeto Sementes será executado por 22 organizações em todo o Semiárido brasileiro.

O Centro Sabiá é uma das 3 organizações que executará o projeto em Pernambuco, para a construção de 91 bancos de sementes na região Agreste do estado. Com um tempo de execução de 15 meses, o projeto Sementes executado pelo Centro Sabiá atenderá 11 municípios: Cumaru, Casinhas, Santa Maria do Cambucá, Bom Jardim, Vertentes, Frei Miguelinho, São João, Angelim, Calçado, Jupi e Canhotinho. Destes, 5 serão atendidos em uma parceria com a Cáritas Nordeste II.

“O objetivo do projeto é o resgate, a conservação, a multiplicação e a valorização das sementes locais, que vem sendo cuidadas pelas famílias. Além de aumentar o estoque das sementes e disponibilizá-las para os agricultores, garantindo a permanência dessas sementes dentro das comunidades locais”, afirma Sandra Rejane, coordenadora do projeto Sementes no Centro Sabiá. Dentro do projeto estão previstos o mapeamento dos bancos de sementes já existentes, cadastramento e mapeamento das famílias, reunião com as famílias, capacitação da equipe local, dos coordenadores, e com as famílias agricultoras, intercâmbios, e implementação dos bancos de sementes ou a reestruturação de bancos que já existem.

O projeto ainda fortalecerá as famílias agricultoras que já tem acesso à água por meio do Programa Cisternas. “Alguns bancos já foram construídos pelo P1+2 (Programa Uma Terra Duas Águas, também executado pelas organizações que compõem a ASA), então o projeto visa também o fortalecimento desses bancos que já existem e a assessoria a essas famílias durante todo o projeto”, explica Sandra.
Com a multiplicação das sementes, as famílias agricultoras poderão ainda acessar o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) na modalidade Aquisição de Sementes, que foi iniciada este mês (janeiro de 2015).


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