Comunicação é estratégia para fortalecimento da luta e identidade dos povos do Semiárido

A comunicação popular é a expressão das lutas populares por melhores condições de vida, possui conteúdo crítico-emancipador e tem o povo como protagonista principal. Para a desconstrução de estereótipos e valorização da auto-estima de povos de meios rurais através da comunicação, a ASA elaborará coletivamente uma Política de Comunicação.

encontro ASA comunicaçãoO Encontro Nacional de Comunicação da ASA Brasil pautou a necessidade de intensificar a luta
por uma comunicação comunitária e popular / Foto: ASAcom

Por Débora Britto (Centro Sabiá)

Comunicação como estratégia de resistência, luta e fortalecimento. Seja comunitária, popular ou alternativa. São muitos os termos para expressar aquilo que buscamos construir no campo de uma comunicação que dê visibilidade, voz e represente sem estereótipos as culturas e realidades de agricultores, agricultoras e jovens dos meios rurais brasileiros.

Segundo a pesquisadora Cicilia Peruzzo, em artigo apresentado ao Núcleo de Pesquisa “Comunicação para Cidadania” do XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, em 2006, “em síntese, a comunicação popular e alternativa se caracteriza como expressão das lutas populares por melhores condições de vida que ocorrem a partir dos movimentos populares e representam um espaço para participação democrática do “povo”. Possui conteúdo crítico-emancipador e reivindicativo e tem o “povo” como protagonista principal, o que a torna um processo democrático e educativo. É um instrumento político das classes subalternas para externar sua concepção de mundo, seu anseio e compromisso na construção de uma sociedade igualitária e socialmente justa”, diz a pesquisadora.

No início de setembro, de 9 a 11, o Encontro Nacional de Comunicação da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), realizado em Gravatá/PE, pautou a necessidade de intensificar a luta por uma comunicação comunitária e popular. O Encontro deu vida a uma Carta Política que aponta a desconstrução de estereótipos e o fortalecimento da autoestima dos povos e populações de meios rurais através da comunicação. Além do documento, a ASA está construindo uma Política de Comunicação, que será elaborada de forma coletiva.

Fernanda Cruz, coordenadora de Comunicação da ASA, explica que este processo teve início em agosto deste ano, mas só deve encerrar ao final de 2015. “A política sistematizará boa parte do que já fazemos na rede, fortalecendo a nossa caminhada que começou lá atrás; e apresentará também luzes para novos caminhos que estão por vir, sempre reforçando que todos e todas que fazem a ASA comunicam e são responsáveis pela construção da imagem do Semiárido como conhecemos hoje”, explica.

Defender a democratização da comunicação, para Fernanda Cruz, especialmente no meio rural, reforça a identidade dos povos e populações do Semiárido. “[Eles] passam a ter a possibilidade de protagonizar os espaços de comunicação locais. Além disso, o direito à comunicação possibilita que as pessoas possam acessar outros direitos, como a terra, a água, a saúde, educação, uma vez que os direitos são indissociáveis e intransponíveis, e ter acesso à informação é básico para isso”, defende.

Quando falamos em comunicação no meio rural, a rádio se destaca como o meio mais popular e que alcança mais pessoas. Fernanda Cruz acredita que as rádios comunitárias são ainda mais importantes. “No caso das rádios comunitárias, elas também fortalecem os laços entre os integrantes da própria comunidade, uma vez que esse acaba sendo também o espaço de articulação de reuniões, mobilizações para festas e encontros, em especial quando, de fato, consegue comportar a participação de todos e todas na grade de programação”, observa. No entanto, a regulamentação deste segmento da comunicação ainda é uma das trincheiras da luta pela democratização da comunicação.

No mês de outubro, movimentos e organizações realizam a Semana Nacional da Democratização da Comunicação por todo o Brasil. Em Pernambuco, entre 13 e 19 haverá ações para levar o debate sobre o direito humano à comunicação para o trabalho, para a escolha, a igreja, para a sala de estar e também para o campo. O Centro Sabiá integra esta iniciativa e desenvolve, como parte de seus projetos, ações para estimular o envolvimento e o protagonismo de jovens em iniciativas de comunicação próprios.

Confira a Carta Política do Encontro Nacional de Comunicação da ASA aqui: http://www.asabrasil.org.br/Portal/Informacoes.asp?COD_NOTICIA=8667


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