Feiras Agroecológicas: preço justo para todos

Os Espaços Agroecológicos, além de se basearem em relações de solidariedade, trabalham com tabela de preços justos para os dois lados / Foto: Carlos Magno

Por Carlos Magno (Centro Sabiá)

Agricultores e agricultoras do Agreste de Pernambuco vêm se organizando a partir de suas Associações e há 16 anos fundaram o Espaço Agroecológico. Funcionando em Recife, nos sábados pela manhã, o Espaço está dividido entre duas feiras, a do bairro das Graças e a do bairro de Boa Viagem. É um local onde os consumidores podem comprar tranquilos, pois sabem que estão levando para casa produtos de excelente qualidade produzidos de forma saudável sem uso de insumos químicos e respeitando a natureza, baseados na economia popular e solidária.

Uma questão recorrente é a ideia de que alimentos saudáveis só estão disponíveis para uma pequena parcela da população com maior poder aquisitivo. Mas nos Espaços Agroecológicos os preços são justos, pensados coletivamente. “Temos uma tabela de preços razoáveis. Todos seguem a tabela, lá tem um preço mínimo e um máximo. Às vezes alguns acham que os preços estão baixos, mas a gente só pode mudar quando tem Assembleia e todos estão de acordo com a mudança,” diz Rafael Justino, agricultor agroecológico da comunidade de Sítio Feijão, Bom Jardim, no Agreste pernambucano. Rafael comercializa no Espaço Agroecológico das Graças desde a sua fundação.

Nos últimos seis meses o Centro Sabiá tem feito levantamentos de preços, esperando desmistificar a ideia de que os produtos agroecológicos são mais caros, e que por isso as pessoas preferem os grandes supermercados. No dia 24 de maio de 2014 foi realizado um levantamento de preços dos produtos mais vendidos nas feiras. Os pontos de pesquisa, consultados na mesma manhã de sábado, foram os Espaços Agroecológicos, e três grandes supermercados da cidade: Carrefour, Extra e Bompreço.

Os resultados foram para 15 produtos que estavam disponíveis nos quatro locais de venda: mamão, laranja, limão, macaxeira, inhame, cará, alface, ricota, batata doce, hortelã, milho, repolho, coentro, rúcula e abóbora.

Os alimentos agroecológicos ou orgânicos vendidos nos Espaços Agroecológicas tendem a ser mais baratos que os convencionais das grandes redes de supermercados analisadas.

A maioria dos produtos vendidos no Espaço Agroecológico são mais baratos e as diferenças de preços são grandes, a menor é de 48 centavos. Ao todo sete produtos estavam mais baratos em algum dos três supermercados se comparados ao Espaço Agroecológico, no entanto esta diferença na maioria das vezes era muito pequena, variando entre dois e 15 centavos.

O estabelecimento mais barato dentre os supermercados ainda é 23% mais caro do que os Espaços Agroecológicos. E se fizermos uma média simples entre os três supermercados, seus produtos se tornam 33% mais caros que os agroecológicos. Ou seja, a cada R$ 100 em compras no Espaço Agroecológico, seria preciso R$ 133 para compra dos mesmos produtos nos supermercados.

“No supermercado é mais caro. Eles têm toda uma logística e visam um grande lucro. Sabemos que em supermercado é tudo mais caro,” conclui Rafael Justino.
Em Pernambuco, as Feiras Agroecológicas estão espalhadas por todo o estado, baseadas nos princípios da agroecologia. Assim como o Espaço Agroecológico localizado em Recife, que hoje conta com mais de 50 famílias comercializando com uma diversidade de mais de 140 produtos diferentes sejam in natura ou beneficiados. As famílias primam pela qualidade dos produtos desde o plantio até a chegada na mesa do consumidor. Respeito e confiança são elementos fundamentais neste processo de construção.