Por que Marcha das Margaridas?

MDM - Marcello Casal Jr. - ABrMilitantes em caminhada na Marcha das Margaridas de 2011 / Foto: Marcello Casal Jr. – ABr

Por Alex Carvalho (Centro Sabiá)

Em agosto do próximo ano, mais uma vez, uma caravana de mulheres ligadas às questões agrárias irá se reunir e seguir em direção a Brasília para reivindicar direitos e atenção à situação vivida não só por elas, mas por outras milhares de mulheres que passam por dificuldades de serem ouvidas e representadas dentro da sociedade. Esse movimento é a Marcha das Margaridas, uma ação que faz parte da agenda permanente do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) e de movimentos feministas e de mulheres. A principal causa da ação é a busca por conquista de visibilidade e o reconhecimento social e político das mulheres que são trabalhadoras rurais ou estão ligadas a questões relacionadas à floresta.

A primeira edição da marcha foi realizada nos anos 2000, e repetida nos anos de 2003 e 2007 e tinha como principal pauta a luta contra a fome, a pobreza e a violência sexista. Já na edição que aconteceu em 2011 o lema foi “Desenvolvimento Sustentável com Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade”. Segundo Graciete Santos, Coordenadora Geral da Casa da Mulher no Nordeste: “A Marcha das Margaridas é um exemplo clássico de movimento social que hoje é uma agenda permanente e sistemática das demandas das mulheres rurais e que tem publicizado, e criado um diálogo importante de incidência com o Governo Federal”.

Mas são Margaridas não por acaso. O nome é uma homenagem à líder sindical Margarida Maria Alves, assassinada com um tiro, em 12 de agosto de 1983 por encomenda de fazendeiros, em frente a sua casa. A importância de Margarida na história do feminismo e no direito dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais é ímpar: ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande.

Durante os anos que passou na presidência da entidade, 12 mais especificamente, Margarida foi responsável por mais de cem ações trabalhistas na Justiça do Trabalho Regional, lutando por direitos básicos do trabalhador, como férias, carteira de trabalho assinada, e 13º salário. Até hoje, todavia, ninguém acusado pela morte da líder sindical foi condenado.

A Secretária Executiva do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste, o MMTR-NE, Veronica Santana, explica o porquê da não realização do evento este ano. “Por ser um ano eleitoral, foi decidido que a Marcha será feita em 2015. Porém todo mês de agosto nós fazemos o que chamamos de Jornada das Margaridas, onde a gente reúne todas as organizações que fazem parte da Marcha e fazemos um momento de reflexão sobre os processos de construção da ação, dialogando com alguns Ministérios e fazendo um acompanhamento da pauta Marcha das Margaridas. A Jornada também serve para avaliar um pouco como é que está a mobilização nas bases do movimento. E em 2015 será feita a ação de fato”, diz ela.

Para Veronica a Marcha das Margaridas deixou de ser só uma ação para se tornar uma forma de articulação dos vários movimentos de mulheres do campo e da cidade. Além de ter se tornado a maior ação de mulheres rurais na América Latina. “Então para a gente é muito importante porque representa um grande avanço na vida das trabalhadoras rurais. Se lembrarmos, por exemplo, que em 1988 nem tínhamos nossa profissão reconhecida e hoje nos tornamos uma referência de mobilização, de organização e discussão para um país melhor para as mulheres rurais”, conclui ela.


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