Sementes da Solidariedade e da Resistência

Maria Cristina Aureliano
Engenheira Agrônoma e coordenadora técnico-pedagógica do Centro Sabiá

Foto: Ana Mendes / Acervo Centro Sabiá

Este ano, a esperança chegou ao estado vizinho, no sul da Bahia. Em janeiro, essa região foi afetada por chuvas intensas que causaram inundações e destruíram casas e plantações. Num movimento de solidariedade, o Centro Sabiá, Rede Semeam, Movimento Sem Terra, Movimento Camponês Popular e Caxo Xukuru se mobilizaram para levar uma tonelada de sementes crioulas para os povos Maxakali, Pataxó Hã hã hãe e Tubinambá e para os assentamentos do Sul e Extremo Sul da Bahia. As famílias agricultoras assessoradas pelo Centro Sabiá no Agreste Setentrional e Sertão do Pajeú participaram doando 291 kg de sementes crioulas de milho, feijão, fava e outras culturas. Uma diversidade vinda dos estoques das casas de sementes comunitárias e familiares.

Essa rede de solidariedade só foi possível pela ação das agricultoras e agricultores guardiões, que preservam e estocam estas sementes tão importantes para as famílias agricultoras, que não precisam comprar as sementes do agronegócio. É esta autonomia que possibilita que a agricultura familiar camponesa produza alimentos livres de transgênicos, sem agrotóxicos e possam vender a preços justos.

Para o Centro Sabiá, as sementes são recursos estratégicos para a agroecologia, por isso apoia e fortalece o estoque e a multiplicação das sementes crioulas. Em 2015, enquanto organização integrante da Articulação Semiárido, participou do Projeto Sementes do Semiárido que implantou 32 casas de sementes no Agreste pernambucano e capacitou agricultores e agricultoras para a gestão comunitária destes espaços.

Este ano, com o apoio da agência de cooperação Misereor, o Sabiá irá fortalecer essa ação no Agreste, Sertão e Zona da Mata, junto às casas de sementes e apoiando a implantação de campos de sementes comunitários para multiplicação, troca e doação, com o objetivo de ampliar os estoques e diversificar as agroflorestas e quintais produtivos. Nos campos de sementes também serão cultivadas espécies de propagação vegetativa (que não se multiplicam por sementes), como palma forrageira, bananeira, macaxeira e batata doce, resgatando as variedades que fazem parte da cultura alimentar dos territórios.

 

Que bom ter você por aqui…

Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

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