Projeto Cartão Vermelho para a Exploração Sexual alerta para o tema através da arte

Projeto alerta para os riscos da Copa do Mundo 2014 através de oficinas e intervenções artísticas com alunos/as de escolas públicas

Por Sara Brito (Centro Sabiá)

A estimativa do Ministério do Turismo é de que 600 mil turistas estrangeiros circulem pelo Brasil durante a Copa do Mundo de 2014. O alto número de pessoas vindas de todos os cantos do mundo pode trazer riscos, inclusive quando se trata de violência sexual contra crianças e adolescentes. Em fevereiro deste ano, a Childhood, instituição internacional de proteção à criança, fez um alerta à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República sobre os riscos do aumento de casos de exploração sexual de mulheres, crianças e adolescentes em países-sede de grandes eventos esportivos. Estudo entregue pela entidade afirma que, nos dois meses anteriores ao início da Copa na África do Sul em 2010, esse tipo de crime contra meninos e meninas aumentou cerca de 63%, enquanto na Alemanha, em 2006, o aumento foi de 28%.

Pensando nisso, a ONG Diaconia em parceria com a Obra Missionária Evangélica Luterana na Baixa Saxônia (OMEL), lançou o Projeto “Cartão Vermelho para a Exploração Sexual”, com ações que envolvem cerca de 100 crianças, adolescentes e jovens de comunidades periféricas de Fortaleza e Recife. O objetivo principal é desenvolver atividades educativas de sensibilização, prevenção e disseminação de informação sobre o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes.

No Recife, o projeto é desenvolvido em duas escolas públicas no Morro da Conceição, com o apoio do grupo juvenil Quebra Kabeça. Os estudantes e as estudantes participam de oficinas sócio-educativas sobre sexualidade, conhecimento do corpo, o que é abuso, exploração, o perfil dos agressores, as consequências, como denunciar e etc. Os encontros também contaram com atividades lúdicas como desenho, pintura, contação de histórias, jogos teatrais, confecção de cordéis, danças infantis e apresentação de vídeos.

Um grupo de aproximadamente 14 adolescentes montou uma esquete teatral que traz a reflexão sobre a questão da exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes. “O grupo se divide em dois personagens: um grupo é argila e o outro é artista. Quem é argila vai ser tocado, porque o abuso e a exploração tem a ver com o toque. Esse toque sem permissão, o toque da violação do direito. Mas no esquete eles se permitem ser tocados porque sabem que é o toque dos amigos é de respeito, de valorização, um toque de construção e não de violência,” explica Joselito Coutinho, assessor político-pedagógico da Diaconia. O esquete já foi apresentado no Marco Zero, na Estação Joana Bezerra e em Gravatá. Ainda poderá ser visto no Parque Dona Lindu, Parque da Jaqueira, no Janga e no Morro da Conceição.

Além disso, as crianças produziram cartões postais com desenhos e pinturas nas oficinas. Quatro desses foram selecionados para ser distribuídos durante as apresentações do esquete. A ideia é mostrar um contraponto aos cartões-postais comuns, que mostram os pontos positivos da cidade; dizer que a cidade é sim bela, mas que também enfrenta problemas sociais históricos.

Para Joselito Coutinho, a arte é um potencial instrumento de conscientização. “A arte por si só educa, e quando ela vem recheada ou acompanhada de alguma discussão política e educativa ela se transforma em instrumento de reivindicação política, de denúncia e de partilha de processos de aprendizagem,” conclui ele.


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