Agroecologia e políticas públicas: Elizabete Silva, agricultora familiar de 62 anos, finaliza curso em Agroecologia na Mata Sul

Hoje, Elizabete é uma multiplicadora dos conhecimentos que adquiriu em sua trajetória.

Maria Menezes
Estagiária de Comunicação do Centro Sabiá

Foto: Edgar Caliento

A agricultora Elizabete Silva, ou Bete, como é conhecida, é moradora do assentamento Jundiá de cima, localizado em Tamandaré, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. A cidade é conhecida por ser um polo do agronegócio, com a predominância da monocultura de cana de açúcar. 

Mas a história de Bete com a agroecologia começou entre 2010 e 2011, participando do projeto “Trabalho, Renda e Sustentabilidade no Campo”, uma realização do Centro Sabiá, com apoio da Petrobras. Ela conta que “se apaixonou” pela potência da agroecologia e do espírito coletivo entre os agricultores, agricultoras e a assessoria técnica. “Eu já plantava sem veneno, mas não tinha um norte”, declara. Hoje, o sistema Agroflorestal de Bete possui 3 hectares. A sua experiência com a agrofloresta é um exemplo positivo que merece ser perpetuado.   

Em uma caminhada de aprendizado, tornou- se presidente da associação de moradores do assentamento que mora e com a assessoria, coordenou a implantação da Feira Agroecológica de Tamandaré, em que também é presidente. Apesar do conhecimento no cotidiano, surgiu o desejo de estudar o assunto com mais profundidade. Depois de mais de 20 anos sem ter contato com uma sala de aula, em 2017, iniciou a graduação de Tecnologia em Agroecologia no Instituto Federal de Pernambuco(IFPE), no campus Barreiros. “Apresentar o TCC, foi um presente de Deus na minha vida, aos 62 anos”, afirma com alegria. 

Em seu trabalho de conclusão de curso, Elizabete abordou o tema “Agroecologia, organização social e acesso à políticas públicas: relatando a experiência exitosa de uma agricultora familiar residente no assentamento de Jundiá de Cima, Tamandaré-PE”, onde conta sua experiência ao longo de 10 anos com o Sistema Agroflorestal e a importância das organizações sociais que passaram pela sua trajetória. O estudo de Bete também alerta para a necessidade de políticas públicas que estejam alinhadas ao fortalecimento da agroecologia, reconhecendo-a como uma solução para uma sociedade bem alimentada, agricultoras e agricultores familiares com renda digna e comida sem veneno na mesa do povo. 

Edgar Caliento, agroecologista e assessor técnico do Centro Sabiá, destaca: “Para mim é muito gratificante, é um reconhecimento do nosso trabalho, e fico feliz de saber que a comunidade começa a ver a propriedade dela (Bete) como uma mudança, que é acessível, e que ela, com sua experiência, pode incentivar a criação de diversas agroflorestas por lá (em Tamandaré)”. Edgar é responsável pela assessoria da agrofloresta de Dona Elizabete há cerca de um ano.

O Sistema Agroflorestal da agricultora já é referência, dois módulos do curso de Agrofloresta da Escola Jonas Severino Pereira foram realizados na sua propriedade e outro está previsto para ocorrer entre outubro e novembro deste ano. Que a história de Elizabete seja semente para outras agricultoras e outros agricultores transformarem sua produção e sua vida através da agroecologia!

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Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

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