Encontro Inter regional das Juventudes do Nordeste reúne jovens em Itamaracá
Jovens do Nordeste do Brasil reunidos em Itamaracá, Pernambuco, para trocar conhecimentos e
intervenção política das juventudes
Por Getúlio Roberto (jovem assessorado pelo Centro Sabiá)
Entre os dias 26 e 29 de abril aconteceu no município de Itamaracá, em Pernambuco, o Encontro Inter-regional das Juventudes do Nordeste, organizado pela Escola de Formação Quilombo dos palmares (EQUIP), em parceria com o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA). O encontro contou com a participação de cerca de 60 jovens vindos de vários estados do Nordeste – Bahia, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Piauí e Alagoas -, a maioria jovens integrantes da Rede de Jovens do Nordeste, da Pastoral da Juventude Rural (PJR) e indígenas, que também levaram um pouco de sua cultura para abrilhantar as místicas do evento. O objetivo do Encontro foi intercambiar experiências de participação e intervenção política das juventudes na Estratégia de Desenvolvimento Territorial, fortalecendo a ação em rede e o processo de proposição e monitoramento do Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário e das políticas públicas de juventude nos espaços de poder dos territórios nordestinos.
Essas juventudes integram os movimentos pela luta e efetivação das políticas públicas em especial as voltadas para os jovens do campo, que sofrem bastante no que diz respeito à permanência no meio rural devido a falta de políticas públicas eficazes que garantam uma melhor qualidade de vida, como direito a uma boa educação, esporte, saúde e acesso a transporte público de qualidade. Dentro das discussões com relação ao jovem rural o evento contou com a participação do senhor Mauricio Kasper, representante da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT), que veio pautar as ações da Secretaria com relação às juventudes e seus territórios. Dentre essas ações se destaca o programa de acesso à terra, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf Jovem) do MDA. Os jovens presentes expressaram suas preocupações com a burocracia existente neste sistema enfrentada pelos que tentam acessá-lo, ressaltando também a lógica de que a terra permanece de pouco acesso para o jovem e que deve-se ter por parte do governo um processo de desburocratização para que os jovens possam ter mais acesso à terra e a outras políticas que garantam sua permanência dentro do seu lugar de origem que é o campo.
A juventude tem um grande papel no monitoramento das políticas públicas e se faz de extrema relevância a criação e o fortalecimento dos comitês, fóruns e redes. Durante o encontro as discussões formularam-se mais amplamente dentro das oficinas, que tinham como objetivo principal a discussão de vários temas voltados para a juventude na área rural, dentre os quais se destacaram: sucessão rural, extermínio da juventude negra, educação e diversidade. Esses são temas que contribuirão em grande proporção para a estruturação da plataforma que traz em forma de reivindicação todas as políticas inerentes à qualidade de vida da juventude rural. A juventude tem dentro de seu diálogo a necessidade e a obrigatoriedade de suas prioridades e pautas serem atendidas pelo governo, pois só assim se concretizará a igualdade daqueles jovens que vivem no campo e que pretendem continuar lá, mas que para isso veem a urgência da valorização do campo e que ele seja enxergado como ponto de partida para o desenvolvimento sustentável do país.
Com relação ao papel da juventude no processo de monitoramento das políticas públicas, a jovem Ana Lúcia, educanda do SERTA, diz que a juventude dentro desse processo se faz de extrema importância, mas lamenta que alguns jovens ainda se encontram um pouco dispersos e que é preciso um maior fortalecimento dos grupos de base e que o empoderamento e o senso político são ferramentas indispensáveis e que quando o jovem começa a entrar nesses espaços ele começa a despertar para um novo horizonte que visa a quebra do velho paradigma de que a juventude não é capaz. Existe um outro paradigma que se expressa no fato de muitas vezes os pais dizerem aos filhos que estudar, ser médico, engenheiro e sair da agricultura é mais proveitoso para o seu desenvolvimento pessoal. Esse fato também se encontra na fala de alguns profissionais da educação, por eles terem uma visão do campo de trabalho árduo, pesado e sem oportunidades, e é justamente onde entra a juventude organizada para quebrar todos esses pontos de pessimismo com relação ao meio rural, cobrando e monitorando políticas de valorização do campo e da juventude que nele reside.
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