Prêmio Margarida Alves prestigia os melhores trabalhos sobre “Mulheres e Agroecologia”
Por Alex Carvalho (Centro Sabiá)
Margarida Maria Alves foi um exemplo para a militância tanto pelo direito das mulheres, quanto pelo direito da população rural. Margarida foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande e foi responsável por mais de cem ações trabalhistas na Justiça do Trabalho Regional, lutando por direitos básicos do trabalhador, como férias, carteira de trabalho assinada, e 13º salário.
Seu trabalho, porém, foi interrompido de forma brutal: Margarida foi assassinada com um tiro no rosto, enquanto estava em frente a sua casa na companhia do seu marido e do seu filho. Sua morte foi encomendada por fazendeiros que sentiram o incômodo da mobilização social puxada por Margarida. O assassinato aconteceu em agosto de 1983, mas até os dias de hoje nenhum dos acusados foi condenado.
Em sua homenagem nasceu a Marcha das Margaridas, importante movimento social que pauta uma agenda permanente pela luta de direitos e visibilidade para as mulheres agricultoras e moradoras de zonas rurais. Mas também Margarida Alves é o nome de um prêmio dado pela Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais do Ministério do Desenvolvimento Agrário (DPMR/MDA).
A premiação que nesse ano chega a sua quarta edição destaca os melhores trabalhos baseados na temática “Mulheres e Agroecologia”. O prêmio foi dividido em três categorias: Ensaio Inédito, destinada a pesquisadora(e)s de graduação e pós-graduação; Relatos de Experiências, para representantes de redes, entidades ou organizações não governamentais com experiência prática de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para mulheres e agroecologia; e Memórias, na qual participaram trabalhadoras rurais e lideranças comunitárias.
Entre os trabalhos ganhadores, destacam-se “Mulheres Protagonizando Agroecologia no Nordeste do Brasil”, de Gabriela Monteiro e Araujo, integrante do Movimento de Mulheres. Trabalhadoras Rurais do Nordeste (MMTR/NE) e “A História de Resistência e Liderança das Mulheres no Assentamento Lagoa de Outra Banda”, de Mauricélia de Souza Silva, integrante da Casa da Mulher do Nordeste (CMN). O prêmio será entregue nesse mês, na cidade de Brasília.
Laudenice Oliveira, jornalista integrante do Núcleo de Comunicação do Centro Sabiá, recebeu menção honrosa pelo seu trabalho com o texto “Guerreira e Transformadora: seu nome é Lenir”, na categoria Relatos de Experiência. O trabalho conta um pouco da trajetória de Lenir Ferreira, uma das pioneiras no uso da agroecologia como modo de produção no estado de Pernambuco.
Sobre a menção, Laudenice comenta: “Uma coisa muito importante nesse Prêmio é a valorização do trabalho de mulheres, sejam das mulheres agricultoras como de mulheres que sistematizam sobre as questões de gênero. É um espaço de dar visibilidade ao trabalho dessas mulheres e suas lutas para se firmarem enquanto pessoas transformadoras das suas realidades. Particularmente fico muito feliz pelo nosso trabalho receber a menção honrosa. E o que nos deixa mais contente é saber que a história de Lenir Ferreira, a sua brava jornada de luta vai ganhar mais visibilidade, vai ter mais um registro dentre outros que já existem. Vai chegar a outros lugares que ainda não alcançamos. Isso tudo é muito compensador para nós.”
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