ASA: 15 anos de Conquistas!
Tecnologias como a Cisterna Telhadão conquistadas pelas famílias do Semiárido
trouxeram mudança de vida / Foto: Acervo Centro Sabiá
Há 15 anos a Articulação Semiárido Brasileiro facilita o acesso à água para as populações do Semiárido, através de programas como o Um Milhão de Cisternas e o Uma Terra e Duas Águas. E os desafios se renovam
Por Rafael Neves (coordenador do Programa Um Milhão de Cisternas, da ASA)
Há 15 anos, movimentos sociais do mundo todo se organizavam para, em Porto Alegre (RS), bradar aos quatro cantos o lema de que “Um outro Mundo é Possível”. Ao mesmo tempo, organizações da sociedade civil do Semiárido brasileiro, a partir de um processo de trocas de experiências, saberes e olhares, já davam corpo a uma grande rede que tinha como eixo central a Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semiárido, a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), que nesses 15 anos deixou bem claro que um outro Semiárido é possível, dando-se autonomia e possibilidades aos povos que nele vivem.
Reunindo agricultores e agricultoras, quilombolas, indígenas, geraizeiros, vazanteiros, populações de fundo de pasto, técnicos e técnicas, educadores e educadoras, essa rede organizou como primeiro objetivo tático o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC). Um objetivo claro, uma meta grande, com apelo popular e uma luta pelo direito fundamental à água, possibilitaram a consolidação do P1MC e ASA, a partir de onde se constitui uma nova forma da sociedade civil relacionar-se com o poder público, pautando, propondo e executando políticas públicas. Dessa experiência consolidou uma metodologia baseada nos processos que julga essenciais: mobilização, capacitação, construção, comunicação e controle social. A partir de então, ampliou sua área de atuação, concretizando ações de articulação de saberes ligados ao armazenamento e manejo de água da chuva para a produção de alimentos e criação animal, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).
Se por um lado a ASA cresceu, tornou-se referência da região semiárida e consolidou seus dois principais programas, por outro, não deixou de olhar para frente, com cuidado, para pensar novos rumos, e novos passos. Hoje avança no sentido de articular a população para guardar e ampliar nosso banco genético de sementes, riqueza sem mesura e que está ameaçada. E investe na relação com poder público, para que através da implementação de cisternas nas escolas públicas, possa viabilizar água que garanta a continuidade das aulas durante o período de estiagem. E ao mesmo tempo, proporcionar à comunidade escolar uma reflexão acerca da necessidade de uma educação contextualizada com os saberes das populações do Semiárido.
Muitos problemas ainda estão encravados no chão do Semiárido e desafiam a ASA, questões ligadas à saúde, educação, clientelismo, produção energética, concentração fundiária, entre outros. E como tem feito, com calma, um a um, a Articulação vai ter que dar conta de cada um deles, para poder ter mais 15 e mais 30 anos de conquistas do povo do Semiárido. Povo esse que sempre atendeu ao seu chamado e colocou-se no fronte da luta, ocupando ruas, estradas e pontes, toda vez que duvidou-se da força da Articulação Semiárido Brasileiro.
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