Jovens discutem ações exitosas de convivência com o Semiárido em Pernambuco
Por Aline Joseli de Souza (Vertentes/PE) e Lucilene Valdeci da Silva (Santa Maria do Cambucá/PE), ambas da CTJMA Agreste – Comissão Territorial de Jovens Multiplicadores/as de Agroecologia
No mês de março de 2015, o Santuário da Comunidade, no distrito de Juriti, em Caruaru –PE, recebeu a Jornada de Sistematização e Conhecimento, que teve o tema Protagonismo e ações exitosas das Juventudes Camponesas no Semiárido Pernambucano.
Realizado pelo Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá e pela Procasur, o encontro teve o objetivo de apresentar e sistematizar experiências de boas práticas e empreendimentos rurais por jovens no contexto do Semiárido e reuniu representantes da Bahia, Paraíba e de Pernambuco.
As entidades objetivaram promover entre os/as jovens a construção e disseminação do conhecimento por meio das reflexões a partir das experiências visitadas e através da elaboração e publicação das sistematizações feitas pelos/as jovens participantes. Mais de 20 jovens e técnicos participaram do encontro. Divididos em equipes, eles conheceram diversas experiências nos municípios de Altinho, Taquaritinga do Norte, Bezerros, Frei Miguelinho, Riacho das Almas e Cumaru (região agreste de Pernambuco).
Entre as experiências, os/as jovens conheceram a produção agroecológica, utilizando energia solar e canteiro econômico; criação de animais; atividades de multiplicação do conhecimento agroecológico que estimulam a permanência no campo; produção de hortaliças e alimentação saudável. Também houve espaço para o artesanato (galinhas de panos), além de produção de mudas para comercialização, assistência técnica às famílias agricultoras e os jovens Wagner e Vernailson apresentaram o método de divisão do trabalho e da renda que eles vêm implementando em sua cidade.
Jovens visitam propriedade para conhecer produção agroecológica no semiárido pernambucano. Foto: Acervo Centro Sabiá.
Cada visita resultou na apuração de informações que foram transformadas em sistematizações das experiências das famílias agricultoras. O próximo passo será a edição e publicação de tais experiências para o público em geral. A Jornada contou também com uma discussão sobre as novas ruralidades e questões relativas às juventudes do campo. Tal momento levou muitos jovens a exporem suas experiências e opiniões. Dentre as diversas falas, o jovem Toné, do Sítio Feijão, de Bom Jardim/PE, destacou aspectos sobre a evasão de jovens do campo para as grandes cidades. E refletiu sobre o fato de que hoje se percebe um retorno desses, pois eles e elas começam a entender que existem possibilidades concretas de desenvolverem atividades nas suas propriedades, gerando renda e contribuindo para a permanência, mesmo que sejam atividades classificada como não agrícolas.
“O pessoal passou a entender que mora no sítio e pode gerar outra renda, mas não deixa de vivenciar o mundo rural”, explicou. O jovem também citou as evoluções que se apresentam atualmente para os moradores de comunidades rurais, como o acesso ao ensino superior, por exemplo. Muitos jovens tem conseguido fazer faculdade e pensar nas perspectivas de futuro. Ele destacou que essa nova realidade até pouco tempo era muito distante do jovem do interior nordestino.
Os/as participantes avaliaram positivamente a atividade, destacando que sempre é importante trocar experiências, além do processo de aprendizado que é exercitar a escrita, através da sistematização e ainda o quanto é importante deixarmos estas histórias vivas, tanto para as futuras gerações como para dar visibilidade às nossas ações. Uma experiência que mereceu destaque foi a do jovem Hugo Felipe, da comunidade de Pedra Branca, município de Cumaru/PE, que tem tido bastante sucesso com a produção de mudas para comercialização, artesanato e assistência técnica às famílias agricultoras.
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