Diversidade de sementes é foco de capacitação no agreste pernambucano
As agricultoras e agricultores também aprenderam práticas sustentáveis de reflorestamento. Foto: Acervo Centro Sabiá
Por Gildete Pereira (Técnica do Centro Sabiá)
Foi realizada nos últimos dias 25 e 26 de agosto, na comunidade Feijão, município de Bom Jardim, a primeira capacitação comunitária em Caracterização e Gestão das Diversidades de Sementes. O objetivo de sensibilizar as famílias agricultoras a respeito da importância do resgate, do uso e estratégias de estocagem das sementes nos bancos comunitários foi colocado em prática com agricultoras e agricultores que estão participando do Projeto Sementes do Semiárido.
Na capacitação, foram abordados assuntos sobre a importância das sementes crioulas, sua preservação, o que ela significa pra cada um e cada uma, por já se possuir uma tradição que passa de geração para geração de preservar aquelas sementes e a forma de se guardar e estocar as mesmas. Eles e elas lembraram também quais as sementes e as culturas que se tinha desde 1950 e as modificações e mudanças de cultivo que foram ocorrendo.
Até hoje podemos perceber que se perderam algumas sementes assim como o costume de se cultivar certas culturas por vários motivos, entre eles por não dar mais rentabilidades às famílias, como é o caso da mandioca: ou por dar muito trabalho no processo de plantio e colheita, como o arroz vermelho. Vimos a diversidade de cultivos que já se teve nas comunidades como café, algodão, laranja, caju entre outros.
Foto: Acervo Centro Sabiá
No entanto, pudemos perceber que há pessoas na comunidade que guardam suas sementes há mais de 30 anos, como é o caso de Dona da Luiz, que é guardiã do milho gabão, uma variedade que existe há muito tempo na comunidade e muitos perderam as sementes por causa destes períodos de estiagem. Mas ela se mantém sem deixar a semente se perder. Além do milho, ela é guardiã das plantas medicinais e, assim como ela, se destacam outros agricultores como Nelson, que é guardião do feijão macassa, e Chirlene que guarda as sementes do feijão carioca preto que é consumido por todas as famílias da região.
Chamou a atenção as variedades que foram perdidas pelos agricultores e agricultoras e até hoje não conseguiram resgatar como a fava de moita, que faz mais de dez anos que não se planta. Mas os agricultores acham importante resgatar estas sementes de feijão gordo e o gergelim.
Ainda na capacitação, foi realizada uma visita às propriedades da agricultura Tatyane Gomes com um mutirão pra reforçar os Sistemas Agroflorestais (SAFs), plantando mudas, fazendo podas em sua propriedade. Na atividade, aprenderam a utilizar a garrafa PET enterrada no chão com furos do lado para servir para aguar as plantas, e também práticas de reflorestamento fazendo bolinhas de barro com sementes dentro para serem lançadas na agrofloresta no tempo do inverno e assim germinar por conta própria.
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